São uma das principais atrações do Douro Superior e começam a aparecer no meio de fevereiro. De todo o país o e do estrangeiro chegam pessoas para ver a flor branca ou rosa das amendoeiras.
Corpo do artigo
O espetáculo natural tem mais força nos montes de Vila Nova de Foz Côa, a capital da amendoeira.
É sempre assim, entre fevereiro e março, o inverno despede-se e dá as boas vindas à primavera com um enorme bouquet de amendoeiras floridas. Este ano as árvores mais antigas já abriram. As novas plantações, e são muitas, ainda estão atrasadas.
TSF\audio\2018\03\noticias\02\afonso_sousa_amendoeiras_em_flor
Não importa! O pretexto é sempre bom para, num fim de semana de sol, dar uma voltinha pelo país. É o caso de Elísio Gomes. Veio de Santa Maria da Feira num autocarro cheio de gente. Parou, com os amigos no Pocinho, para ver o Douro. Já constatou que há poucas amendoeiras.
"Há poucas, mas é capaz de ainda ser um bocado cedo para isso. Estão a trocar as amendoeiras pelas oliveiras e pelo vinho. Para mim é melhor o vinho que as amêndoas", diz sorrindo.
Com Elísio vieram Helena Magalhães e Maria de Fátima. "A flor está muito atrasada mas ainda vamos caminhar prá frente a ver. Eu gosto muito desta parte do país, das paisagens e de tudo. De Mirandela e do azeite e das chouriças", dizem à vez.
Chouriças, frutos secos, legumes, vinho, azeite, presuntos, mel, queijos e muitos outros produtos é o que se pode apreciar e comprar na feira que está montada logo à entrada de Foz Côa. É lá que está Manuel Fonseca. "Vou comprar um queijo destes. Venho cá todos os anos. Sou de Felgueiras"
Em excursão, também de Felgueiras veio António Machado. Diz que a feira está fraca. "Está fraca. Também só ainda abriram as amendoeiras mais velhas. As novas estão atrasadas".
É ali na feira e atrás da banca que está Irene Trabulo. É da aldeia de Chã. Tem uma enorme exposição de produtos caseiros. "Enchidos, frutos secos, presuntos, azeite. É tudo caseiro. Este primeiro fim de semana é mais fraco. No próximo que é feira de ano e no outro que é o cortejo já são melhores".
Também a Foz Côa foi Maria do Carmo. Prestes a completar 80 ano vem de Alvite, Moimenta da Beira. Toda vestida de preto, traz nas mãos e braços meias, à cabeça gorros de lã de ovelha. Tudo para vender e tudo feito por ela. "Há trinta anos que venho cá sempre. Estou reformada e é para ver se ganho algum".
De meio de fevereiro a meio de março, principalmente aos fins de semana, Moncorvo, Freixo de Espada à Cinta, Carrazeda de Ansiães, Mogadouro, Vila Flor, Alfândega da Fé, Figueira de Castelo Rodrigo, mas principalmente Foz Côa, apresentam uma oferta variada de programas onde entram os mercados tradicionais, espetáculos musicais, desportivos, ou culturais que completam toda a atração das amendoeiras em flor.
Quem vai de passeio procura sempre a boa gastronomia. Foz Côa tem dois patrimónios mundiais. O Douro vinhateiro e as gravuras rupestres. O museu do Côa tem por estes dias um crescente número de visitantes.
É lá que está também o restaurante panorâmico. João Fernandes é o dono. As amendoeiras trazem clientes. " Sim, esta é uma altura de excelência. Vem gente ver as amendoeiras, as paisagens e provar a gastronomia. O Museu é a nossa Sé Catedral do Douro Superior".
Uma Catedral da arte paleolítica do Côa que Artur Santos e Vanessa Postiga, da Póvoa do Varzim, ainda não conheciam. " Só pela internet. Ficámos um pouco desiludidos por não ter visto as gravuras verdadeiras. Aqui só estão réplicas mas está muito bem", diz Vanessa. Artur acrescenta que " as paisagens do Douro são únicas e agora vamos também conhecer o restaurante do Museu".
Para saborear as maravilhas gastronómicas como os queijos e os vinhos do Douro ou a carne mirandesa que ali são confecionados com uma mestria só superada pelo excesso de natureza que se pode contemplar pelas enormes janelas do restaurante. E, desta vez, ao poema de Torga, podem acrescentar-se algumas amendoeiras floridas que se debruçam sobre o rio Douro.