Américo Aguiar recebe barrete vermelho e anel cardinalício e é oficialmente cardeal
O papa Francisco atribuiu a Américo Aguiar o título da Igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana, em Roma, conhecida por Igreja de Santo António dos Portugueses.
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O novo bispo de Setúbal, Américo Aguiar, foi este sábado investido cardeal pelo papa Francisco, no consistório, na Praça de São Pedro, na Cidade do Vaticano, tornando-se no 47.º cardeal português da História.
Américo Aguiar, até agora bispo auxiliar de Lisboa, recebeu o anel e barrete cardinalícios, assim como a bula de criação, tendo-lhe sido atribuído o título da Igreja de Santo António de Pádua na Via Merulana, em Roma, conhecida por Igreja de Santo António dos Portugueses.
Foram titulares desta Igreja o cardeal-patriarca de Lisboa António Ribeiro (1928-1998) e o cardeal brasileiro Claudio Hummes (1934-2022), que inspirou o papa a escolher o nome de Francisco, ao dizer-lhe "não te esqueças dos pobres".
Em declarações à TSF, António Almeida Ribeiro, antigo embaixador de Portugal na Santa Sé, sublinha o facto inédito de Portugal passar a ter tantos cardeais, reforçando o peso do país junto da Igreja Católica.
"Nós temos neste momento quatro cardeais eleitores, facto absolutamente inédito na história de Portugal, e temos mais dois cardeais que já não são eleitores porque têm mais de 80 anos. Portanto, neste momento, a partir de hoje, teremos seis cardeais. Nunca isto aconteceu na história de Portugal. Eu acho que é um motivo de orgulho muito grande para o país e para nós, todos os portugueses, significa um peso acrescido de Portugal junto do Papa e junto da Cúria Romana, junto do Vaticano. Eu penso que isso é um facto, a meu ver, absolutamente indesmentível", afirma.
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O embaixador concorda com António Costa, que considera esta nomeação um sinal de reconhecimento do trabalho e mérito de Américo Aguiar. António Almeida Ribeiro lembra que o papa Francisco já tinha elogiado o trabalho de Américo Aguiar na organização da Jornada Mundial da Juventude.
"Foi muito significativo que o papa Francisco tenha dito depois da Jornada, no regresso ao Vaticano, que esta tenha sido a jornada que mais o impressionou, que mais bem organizada estava, isso deve-se, em grande parte, ao trabalho extraordinário do senhor Américo Aguiar. É certamente o reconhecimento de um trabalho notável, pastoral e não só que o senhor Américo tem vindo a desempenhar, não só na diocese de Lisboa, onde era bispo auxiliar, mas também à frente de toda a organização que levou a cabo aquele evento extraordinário e tão bem-sucedido como foi a Jornada", acrescenta.
Este é o nono consistório para a criação de cardeais de Francisco, cujo pontificado começou em março de 2013, após a resignação do papa Bento XVI (1927-2022).
Quando o líder da Igreja Católica pronunciou o nome do novo cardeal português, ouviram-se palmas.
Com 49 anos, Américo Aguiar passa a integrar o Colégio Cardinalício, que tem por missão aconselhar o papa, sendo o segundo cardeal mais jovem, depois do da Mongólia, o italiano Giorgio Marengo, missionário da Consolata.
Natural de Leça do Balio, Matosinhos, licenciado em Teologia e mestre em Ciências da Comunicação, o até agora bispo auxiliar de Lisboa foi ordenado sacerdote em 2001, sendo integrado na Diocese do Porto.
Nesta, desempenhou vários cargos, como pároco e vigário-geral. Foi também diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa e presidente da Irmandade dos Clérigos, antes de ingressar na Diocese de Lisboa.
Américo Aguiar, presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 e coordenador geral da organização da visita, em agosto último, do papa a Portugal, foi um dos 21 novos cardeais (18 dos quais eleitores) anunciados por Francisco em 09 de julho.
O prelado junta-se ao patriarca emérito de Lisboa, Manuel Clemente, a António Marto, bispo emérito da Diocese de Leiria-Fátima, e a Tolentino Mendonça, prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, como cardeais eleitores -- e também podem ser eleitos por terem menos de 80 anos -- num futuro conclave para escolher o sucessor do papa Francisco, de 86 anos.
No Colégio Cardinalício estão mais dois portugueses que, por terem mais de 80 anos, não participam num futuro conclave: Saraiva Martins, que foi prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e Monteiro de Castro, que teve uma vasta experiência diplomática ao serviço do Vaticano.
Portugal teve um papa, João XXI, cujo pontificado começou em setembro de 1276 e terminou em maio de 1277. Morreu na sequência de um acidente na Catedral de Viterbo, Itália, cujas obras acompanhava, e onde ficou sepultado.
Natural de Lisboa, Pedro Julião ou Pedro Hispano era designado no seu tempo como filósofo, teólogo, cientista e médico.
* Notícia atualizada às 10h53