Da Esquerda à Direita, companheiros e adversários, todos elogiam o trajeto de vida e empenho político de Miguel Portas, o eurodeputado do Bloco de Esquerda que morreu esta terça-feira, aos 53 anos, vítima de cancro.
Na hora da morte de um dos fundadores e coordenadores do Bloco de Esquerda, os amigos e os adversários políticos teceram elogios a Miguel Portas.
Francisco Louçã não irá prestar declarações, mas escreveu uma nota no Facebook em que elogia a energia de Miguel Portas na defesa de convicções e na forma como viveu a vida intensamente e com gosto. Louça diz ainda: «Perdemo-lo e não o esquecemos».
O historiador Fernando Rosas, outro companheiro no Bloco de Esquerda, diz que Miguel Portas era um homem que se bateu por convicções.
«É um lutador por um mundo melhor, da Esquerda social política, e simultaneamente um pensador. Um homem que pensou sobre o país, sobre o futuro. Tinha um grande sonho como eurodeputado que era juntar a cultura mediterrânea», lembrou Fernando Rosas.
Outro companheiro bloquista, José Manuel Pureza, diz que perdeu hoje um dos melhores amigos, que desaparece um homem de convicções fortes e com quem muito se aprendia.
«Muito para lá das nossas convergências políticas, o Miguel era um queridíssimo amigo que como ninguém cultiva a densidade das relações com as pessoas. Sempre vi no Miguel um combatente por pessoas. Era um homem de Justiça, sendo um homem justo, era um homem de Cultura, sendo um homem culto, era um homem de liberdade, mas tudo isso tinha rostos concretos das pessoas que eram injustiçadas, discriminadas», destacou o bloquista.
Miguel Portas há muito que estava doente, mas nunca deixou de trabalhar como eurodeputado. Estava neste momento a preparar o relatório sobre as contas do Banco Central Europeu. Vital Moreira, eurodeputado eleito pelo PS, recorda-o como um dos mais empenhados elementos do Parlamento Europeu.
«É uma profunda perda para o Parlamento Europeu. Ele era seguramente um dos deputados mais empenhados, mais dedicados, e isto é decisivo para a credibilidade e autoridade do Parlamento Europeu», revelou Vital Moreira.
Ilda Figueiredo, até há pouco tempo eurodeputada eleita pelo PCP, sublinhou também a frontalidade e empenho que Miguel Portas punha na ação política.
«É uma morte prematura de uma pessoa que se empenhou na luta no Parlamento Europeu, de acordo com os seus princípios», recordou.
Outro eurodeputado, Diogo Feio, do CDS-PP, realçou a relação próxima que apesar da distancia política se estabeleceu entre os dois.
«Recordo o Miguel Portas desde a altura em que o conheci, há dois anos e meio no Parlamento Europeu, e lembro-me que me recebeu de uma forma extraordinária, afável, tendo nós a partir daí criado uma grande amizade. Independentemente das nossas ideias totalmente diferentes no plano político, falávamos muito sobre assuntos que nos interessavam, muitos vezes chegámos até a consensos. O que pode parecer difícil mas é demonstrativo do bom senso que o Miguel tinha», declarou Diogo Feio.
Também o antigo Presidente da República, Mário Soares, já fez à TSF o elogio de Miguel Portas.
«Estivemos sempre relações muito cordiais e amigas. Posso dizer que quando eu estive com ele como deputado europeu e, depois disso, sempre que nos encontrávamos. Tinha muita estima por ele, era um homem inteligente, um homem de bem», afirmou Mário Soares, acrescentando «que perde-se um contributo importante».
O gabinete do primeiro-ministro enviou há pouco uma nota para as redações. O texto dá conta do profundo pesar pela morte do eurodeputado, sublinhando que se tratava de um reconhecido economista, jornalista e político que dedicou toda a vida ao serviço público.