A eurodeputada Ana Gomes disse hoje que «há suspeitas de corrupção» que envolvem Paulo Portas enquanto ministro da Defesa, mas admitiu que errou em algumas acusações que fez ao atual vice-primeiro-ministro.
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A afirmação de Ana Gomes surgiu num comentário a uma pergunta da deputada do CDS-PP Cecília Meireles a propósito de um post publicado no blogue da eurodeputada socialista de abril de 2008, intitulado "Paulo Portas: a impunidade não pode continuar - 4".
«Também foi a incúria (no mínimo) de Paulo Portas à frente do Ministério da Defesa que explica como é que foi assinado um contrato de 450 milhões de euros com a AgustaWestland para a aquisição de uma frota de 12 helicópteros EH-101?», escreveu Ana Gomes no blogue
Confrontada com estas afirmações, Ana Gomes admitiu que errou, justificando que na altura não tinha dados que posteriormente conseguiu recolher, já que a assinatura desse contrato aconteceu quando o ministro da Defesa era Rui Pena.
«Foi-me dito na altura por uma fonte militar, mas depois apercebi-me que não era da responsabilidade do doutor Paulo Portas, mas do doutor Rui Pena», referiu. «Já disse que errei nesse caso. Mas, há suspeitas de corrupção que envolvem o doutor Paulo Portas enquanto ministro da Defesa», acrescentou.
Ana Gomes deixou também outras suspeitas no "ar", nomeadamente em relação à Escom, antiga empresa do Grupo Espírito Santos (GES) que foi consultora do German Submarine Consorcium, ao qual o Estado português adjudicou, em 2004, o concurso para dois navios submergíveis.
«A Escom era omnipresente, a Escom é Espírito Santo, é só isso que importa e o conflito de interesses é óbvio», disse, lembrando que o Estado português era financiado pelo Espírito Santo Investment Bank (BESI) no processo de aquisição dos submarinos.
Perante os deputados da comissão parlamentar de inquérito aos Programas de Aquisição de Equipamentos Militares (EH-101, P-3 Orion, C-295, torpedos, F-16, submarinos, Pandur II), a eurodeputada do PS revelou também que já escreveu à chanceler alemã Angela Merkel e a outras autoridades alemãs a pedir colaboração no caso da aquisição dos submarinos, porque a «cooperação judiciária» entre os dois países «parece ser extremamente deficiente».
«Na Alemanha, as coisas não são muito melhores do que em Portugal», referiu.
Ana Gomes, que por mais do que uma vez comentou que a investigação e pesquisa que tem feito sobre a aquisição de material militar, em particular sobre os submarinos, tem sido um trabalho «solitário», ao longo do qual tem «cometido erros» e sofrido «várias frustrações», ofereceu-se ainda para entregar à comissão parlamentar documentação que foi obtendo de forma informal, nomeadamente na Alemanha.
«Se havia corrupção, ela era também corrupção do lado alemão, como aliás os processos na Alemanha vieram a demonstrar, e que obviamente a Alemanha era corresponsável pelo endividamento do Estado português em processos desta natureza», disse, num momento posterior, já em resposta a questões colocadas pelo deputado do PCP João Ramos.