Equipamentos degradados e salários baixos. Ana Gomes considera que Marcelo Rebelo de Sousa devia ser mais exigente enquanto comandante supremo das Forças Armadas.
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Num quadro de desinvestimento nas Forças Armadas, a antiga deputada Ana Gomes alerta que é preciso apurar o que levou 13 militares a recusarem embarcar no navio NRP Mondego, impedindo o cumprimento de uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira.
Os militares invocaram limitações técnicas no navio, como o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais, numa altura em que as previsões meteorológicas apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros.
"Quando nós sabemos que a Marinha hoje trabalha com condições absolutamente degradadas, ainda por cima em tempos de guerra, sobretudo isto preocupa-me", afirmou Ana Gomes em declarações à TSF.
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"É preciso apurar o que é que efetivamente se passou, mas não descarto que muito tenha a ver com as condições extremamente degradadas de muitos equipamentos e também da das próprias remunerações do pessoal da Marinha, que têm sofrido uma tremenda sangria, porque as pessoas não têm condições para, efetivamente cumprir com dignidade as suas funções."
Para Ana Gomes, enquanto comandante supremo das Forças Armadas, o Presidente da República devia ser mais exigente.
"As palavras do Senhor Presidente da República são imensas, têm é sido bastante inconsequentes nesta matéria", defende. "O nível de exigência tem que ser elevadíssimo e tem que ter correspondência."
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"Todos devíamos ser muito mais exigentes. Isto é, de facto, absolutamente insustentável. Não foi para isso que se fez o 25 de Abril."
A Marinha considera que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".
"Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso", referiu a Marinha, numa nota enviada à agência Lusa.