Ana Gomes está disponível para convergência de candidaturas antes das eleições
A candidata presidencial esteve no frente a frente com o candidato João Ferreira, apoiado pelo PCP.
Corpo do artigo
A visão de Portugal na Europa foi o único tema que aqueceu o debate desta noite entre os candidatos à presidência da República Ana Gomes e João Ferreira. O candidato apoiado pelo PCP aceita a cooperação europeia e reitera que não defende a saída de Portugal da União. Ana Gomes afirma que só cooperação não chega, que se sente profundamente europeísta, e que Portugal não se salvaria no contexto atual sem a União.
De resto, a palavra de ordem foi convergência: muito entendimento em relação às questões colocadas em cima da mesa pelo jornalista Carlos Daniel, da RTP, diferindo aqui e ali em alguns aspetos. O primeiro, desde logo, foi a convergência de candidaturas.
Ana Gomes está disponível para a junção de candidaturas antes do dia das eleições, sobretudo numa altura em que considera que a democracia está ameaçada. Já João Ferreira, o candidato apoiado pelo PCP, embora não feche a porta, deixa antever que não haverá uma fusão de candidaturas antes do dia das eleições. "Convergência é sempre importante, e temos visto como fez a diferença nos últimos anos, em benefício do povo português. Eu estarei sempre disponível para convergências quando a democracia está em causa e está sob ataque", diz Ana Gomes. "Temos de discutir convergência em função daquilo que consideramos que deve ser, nas condições que o país hoje vive, o exercício dos poderes do Presidente da República", responde João Ferreira.
Sem convergências no tema "União Europeia". Ana Gomes considera que sem a Europa, Portugal não se salvaria no contexto atual. "Esta é a grande divisão que tenho em relação ao João Ferreira. Eu sou profundamente europeísta, mais convicta hoje que sem a Europa não nos salvamos. Precisamos da Europa, desde as questões do digital até às questões como a vacina. Jamais teríamos a vacina. A cooperação, como o João sugere, não chega", diz. João Ferreira não só sugere como responde à candidata que "defende" esta cooperação. O candidato apoiado pelo partido comunista negou que tenha defendido a saída de Portugal da União Europeia, sublinhando que não aceita é a perda da soberania nacional. "Não defendo a saída, defendo que o país não deve aceitar decisões que são claramente prejudiciais ao seu interesse", explica.
Ainda no debate desta noite, sobre o desempenho do atual presidente da República, ambos são críticos. Para Ana Gomes, em muitos aspetos, Marcelo Rebelo de Sousa não foi o presidente que os portugueses precisavam, convergindo com os pontos negativos apontados por João Ferreira, como a gestão da pandemia e as questões laborais.
Apesar das sondagens indicarem o contrário, Ana Gomes mantém-se confiante numa segunda volta, desvalorizando, uma vez mais, a falta de apoio da cúpula do PS.