Antiga ministra socialista nega que haja um descontrolo da pandemia em Portugal. Não alinhando com críticas de "cegueira ideológica" relativamente aos privados, Ana Jorge defende que ao nível regional devem existir contratualizações para dar resposta a situações não-Covid.
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"Estamos com uma situação perfeitamente controlada". É esta a visão da médica e antiga ministra socialista Ana Jorge sobre a atual situação de pandemia em Portugal. Para a antiga governante, "a situação não está descontrolada, há um acompanhamento dos casos", mas reconhece que "há que fazer reforço de alguns atendimentos, nomeadamente a capacidade da Saúde Pública que é importante para acompanhamento dos casos positivos".
Ana Jorge defende que é preciso reconhecer o investimento que foi feito na Saúde Pública em Portugal, "que durante muitos anos foi tida como parente pobre", porque "se não tivéssemos o que temos de saúde pública neste país, não tínhamos o controlo da situação como temos tido até agora".
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Considera a antiga governante que, do ponto de vista da pandemia, Portugal comparado com países equivalentes tem a situação "perfeitamente controlada".
À saída de Belém, onde o ex-governante Luís Filipe Pereira criticou a estratégia do governo de não mobilizar o setor privado e social na resposta à pandemia, Ana Jorge nega a existência de questões ideológicas como tem vindo a ser apontado por partidos da direita.
"Na fase inicial, o setor privado não quis e não entrou no combate à pandemia. Não sei se do ponto de vista técnico faria sentido ou não foi melhor termos o serviço público a assumir o controlo", destaca a ex-ministra de José Sócrates para quem "a grande diferença de Portugal para com os outros sítios é exatamente ter um serviço público de saúde bem organizado porque deu a resposta que foi capaz de dar e a resposta é boa".
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Ainda assim, reconhece a necessidade de envolvimento dos privados, nomeadamente para as respostas a outras situações que não o novo coronavírus. "O envolvimento do setor social e privado pode ser feito, mas tem de ser feito - e acho que provavelmente fará sentido ser pensado e acho que está a ser pensado -, com as ARS para o poderem fazer a nível regional, encontrar as soluções principalmente para o não-covid neste momento, temos de pensar nestes doentes".