O líder supremo do Irão, Ali Khamenei, proibiu as mulheres iranianas de andarem de bicicleta. Em resposta elas foram para a rua pedalar e publicar fotos e vídeos nas redes sociais.
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Em julho passado algumas mulheres foram interpeladas pela polícia por circularem de bicicleta na cidade de Marivan. Segundo o Conselho Nacional de Resistência do Irão (CNRI), as mulheres foram informadas sobre novas diretivas que tornavam ilegal a circulação de bicicleta por mulheres em espaços públicos e obrigadas a assinar documentos em que se comprometiam a não voltar a violar a lei. As mulheres que se recusaram a assinar os documentos terão sido detidas.
Mas no passado dia 10 de setembro foi o próprio líder supremo do Irão, Ali Khamenei, emitir uma "fatwa", um pronunciamento legal religioso e inquestionável, que visa esclarecer quaisquer dúvidas quanto à lei: difundida pelos canais do estado, a "fatwa" determina que as mulheres estão absolutamente proibidas de circular de bicicleta em público ou em frente a estranhos. Segundo o comunicado, "andar de bicicleta atrai a atenção dos homens e expões a sociedade à corrupção, assim ameaçando a castidade das mulheres, e tem de ser abandonada como atividade". Uma semana antes, Khamenei teria definido que a única missão e papel da mulher seria o cuidado da casa e dos filhos.
Em resposta, algumas mulheres iranianas estão a sair para as ruas de bicicleta e a partilhar fotografias e vídeos nas redes sociais:
https://www.facebook.com/StealthyFreedom/videos/1507341735946582/
"A minha mãe e eu somos de Teerão, mas estamos em Kish. Andar de bicicleta faz parte das nossas vidas. Estávamos aqui quando ouvimos a fatwa de Khamenei, proibindo as mulheres de andar de bicicleta. Imediatamente alugámos duas bicicletas para vos dizer que não iremos desistir de andar de bicicleta"
https://www.facebook.com/StealthyFreedom/videos/1508346835846072/
"Acabámos agora de dar uma volta pela cidade de bicicleta. Éramos nove pessoas, duas outras juntaram-se a nós pelo caminho. Éramos duas mulheres, o resto eram homens. Aqui dizem que quando temos um homem por companhia estamos protegidas, e assim que me afastei um pouco do grupo, as pessoas na rua dirigiram-me insultos. Mas não me preocupo, nem tenho medo, porque tenho a certeza de que a proibição da bicicleta para as mulheres será levantada nos próximos anos. Nesse dia ficarei orgulhosa de ter resistido à opressão, pois acredito que os que nos oprimem estão errados. Andar de bicicleta não é um tabu para as mulheres."
Masih Alinejad, uma jornalista iraniana radicada nos EUA, e criadora do grupo de protesto pelos direitos das mulheres iranianas My Stealthy Freedom, está a apelar também às ciclistas no Irão que participem com fotos e vídeos, sob a hashtag #IranianWomenLoveCycling (as mulheres iranianas adoram andar de bicicleta).