Animais da Torre Bela não tinham "interesse ecológico". Poucos que restam vão continuar na herdade
Promotor de painéis fotovoltaicos diz que montaria não afeta estudo de impacto ambiental. Os poucos animais que sobraram vão continuar na herdade, mesmo com a instalação dos painéis.
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Os esclarecimentos da empresa promotora de um parque de painéis fotovoltaicos a construir na herdade da Torre Bela, no concelho da Azambuja, confirmam que já só resta uma centena de animais depois da montaria que no início de dezembro abateu mais de 500 veados, gamos e javalis.
A informação está nos dados enviados à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) durante a suspensão do processo de avaliação ambiental do projeto que agora foi retomado no seguimento de uma decisão unânime das diferentes entidades que fazem parte da comissão de avaliação.
O documento, lido pela TSF, constata que "atualmente na Quinta da Torre Bela, segundo a informação do gestor da herdade, existem cerca de uma centena de exemplares de espécies cinegéticas de grande porte. A montaria que teve lugar na Quinta da Torre Bela reduziu fortemente o número de animais face ao último censo, efetuado em 2017, sendo que os efetivos após a montaria estão predominantemente na zona localizada a nascente, fora da zona do Estudo de Impacto Ambiental e que desde o início foi reservada para os animais e condicionada ao Projeto".
Os esclarecimentos agora enviados à APA concluem, contudo, que a montaria e o abate de mais de 500 animais "não implicam alterações estruturais no Estudo de Impacto Ambiental" apresentado inicialmente.
Nomeadamente porque "estão em causa espécies cinegéticas com reduzido interesse do ponto de vista de conservação da natureza e biodiversidade", "não estando em causa populações da fauna portuguesa com interesse ecológico", que não podem voltar a ser libertadas em áreas naturais.
"Sem conflitos com as centrais fotovoltaicas"
Sobre a centena de animais que resta na herdade, é explicado que o promotor dos painéis e a proprietária fecharam um "compromisso de manutenção dos restantes animais na tapada em conformidade com as condições que o Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) venha a definir após a conclusão das suas diligências".
A proprietária promete ainda fazer um censo detalhado dos animais que restam na Quinta da Torre Bela e reabilitar uma vedação para que possam "habitar na restante área da Zona de Caça Turística, sem conflitos com as centrais fotovoltaicas".
Proprietária e ICNF vão também fazer um novo plano de gestão da zona de caça - para onde irão todos os animais - e que ficará ao lado da zona das futuras centrais fotovoltaicas.
Recorde-se que a APA decidiu esta quinta-feira retomar o processo de avaliação ambiental do projeto para construir o parque de painéis fotovoltaicos.
A documentação entregue pelo promotor foi considerada suficiente para terminar com a suspensão decidida pelo Ministério do Ambiente, durante 30 dias, para a APA avaliar se o estudo de impacto ambiental apresentado inicialmente tinha de ser reformulado ou aditado na sequência da montaria.
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