"Animais não têm alimento." IRA quer distribuir comida por helicóptero às espécies selvagens de zonas remotas afetadas pelos fogos
O IRA recorreu às redes sociais para pedir o recurso a um helicóptero pro bono para conseguir alimentar os animais selvagens nas zonas mais afetadas pelos incêndios. A organização diz que já viu esta ideia a ser aplicada "em países da União Europeia e fora"
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"Atualmente estamos numa fase em que tudo o que seja animais de pecuária e de companhia já está minimamente orientado e a ser salvaguardado. No entanto, não nos podemos esquecer dos animais selvagens, espécies que habitavam nas áreas ardidas e neste momento não dispõem de alimentação e do seu próprio habitat." É o que defende, em declarações à TSF, Tomás, membro do Intervenção e Resgate Animal (IRA).
Foi ao lembrarem-se dos animais selvagens que surgiu a ideia de apelar, nas redes sociais, ao empréstimo de um helicóptero pro bono para distribuir alimentos a animais selvagens vítimas dos incêndios nas zonas mais remotas, tal como o IRA já viu acontecer "em países da União Europeia e fora".
"Aquilo que surgiu como possível, rápida resposta, pelo menos para assegurar a alimentação destes animais, seria sobrevoar as áreas remotas atingidas de difícil acesso, e distribuir alimentação por via aérea para diminuir o número de animais selvagens que poderão falecer sem a sua respetiva alimentação", alerta Tomás.
O membro do IRA adianta que mantém a esperança de conseguir o helicóptero, mas que, se não conseguir, a organização não vai desistir de alimentar estes animais, sublinhando que eles não podem esperar.
"Se não for por via de helicóptero, poderemos tentar com drones que possam também dar-nos este tipo de ajuda. Creio que existem drones com capacidade de transporte de vários quilos, e que possam sobrevoar na mesma essas áreas e que possam fazer na mesma essa distribuição." Questionado sobre quando o IRA quer pôr em prática este plano, Tomás é rápido a responder: "Esta semana. Estes animais não têm alimento, precisam de alimentação o mais rápido possível."
Em declarações à TSF a 19 de setembro, Pedro Fabrica, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, disse que as "catástrofes não afetam só as vidas humanas." Os veterinários portugueses querem integrar Proteção Civil para apoiar os animais com cuidados médicos, alimentação e alojamento em catástrofes como incêndios.
O IRA concorda com esta visão. "Partilhamos que deve ser integrado no plano de emergência da Proteção Civil tudo o que faça ou que dê reposta aos animais, sejam eles de pecuária, óticos, selvagens ou de companhia", sublinha Tomás.
Durante os incêndios que afetaram Portugal no mês de setembro, a organização, segundo o balanço feito por Tomás, salvou quase 100 animais de companhia, 50 animais de pecuária e 3 animais exóticos. A maioria destes animais foram resgatados em Albergaria-a-Velha, Águeda e Gondomar.
Com o helicóptero, o IRA quer chegar às zonas mais remotas de Albergaria-a-Velha e Águeda, localidades onde a organização considera que o cenário para os animais selvagens é o mais crítico neste momento.
