Presidente da Associação Transparência e Integridade diz que conflito de interesses é "evidente". Novo ministro da Economia é casado com a presidente-executiva da Associação da Hotelaria de Portugal.
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"Até agora, a Associação da Hotelaria de Portugal, se queria influenciar o ministro [da Economia] marcava uma reunião com ele e ia falar ao gabinete. Agora só precisa que ele chegue a casa".
As palavras são fortes e pertencem ao presidente da Associação Transparência e Integridade (ATI), João Paulo Batalha, que considera que existe um "evidente" conflito de interesses no facto de o novo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, ser casado com uma dirigente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP).
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Em declarações à TSF, João Paulo Batalha defende que "não é natural ter a presidente executiva da associação que faz o lobby do setor hoteleiro casada com o ministro responsável por definir as políticas de turismo e que afetam direta ou indiretamente a hotelaria".
Dando o exemplo da reunião, que para ser feita só precisa que o ministro "chegue a casa", o presidente da ATI considera que é "evidente" que existe um conflito de interesses que "nos termos do famoso código de conduta do Governo, devia ser prevenido e evitado".
"A ideia de que não há nada para ver" é, segundo João Paulo Batalha, algo que "não se percebe nem se aceita" do ponto de vista de "gestão de conflitos e de interesses, de proteção e de idoneidade do Estado".
Gabinete do ministro nega incompatibilidade
Fonte oficial do gabinete de Pedro Siza Vieira disse esta quinta-feira à TSF que não existe qualquer incompatibilidade, isto porque a AFH é uma entidade privada sem fins lucrativos. A mesma fonte lembra que os concursos têm juris e regras definidas, para que todos os concursos sejam escrutinados.