As casas onde vivem foram construídas com materiais radioativos e os mineiros queixam-se do atraso na descontaminação de parte destas habitações.
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Os antigos mineiros da Urgeiriça, no concelho de Nelas, vão avançar com uma queixa contra o Estado. O que os move é o atraso na descontaminação das cerca de 50 casas que foram construídas com materiais radioativos provenientes da mina.
O trabalho já devia estar concluído, mas não está e, por isso, António Minhoto, presidente da associação que representa antigos mineiros, anuncia que vão avançar com uma queixa na Justiça.
"Essa queixa-crime já foi aprovada em assembleia geral, já vem de um processo de 2017", afirma, em declarações à TSF, enumerando algumas das razões para tal, nomeadamente as "condições" em que vivem as famílias que, em alguns casos, "desde que as casas foram construídas sempre lá viveram", "as neoplasias malignas" e a demora da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM) e do Governo nesta matéria "que já vem desde 2018".
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Numa resposta escrita enviada à TSF, a EDM, responsável pela requalificação das casas, diz não ter conhecimento da queixa anunciada, mas garante que o processo tem decorrido com a normalidade possível, reconhecendo, porém, algumas vicissitudes decorrentes da pandemia. A EDM contrapõe, ainda, os números da associação dos antigos mineiros, acrescentando que faltam recuperar apenas 26 habitações e não meia centena como foi reclamado.
A empresa pública, que está sob a alçada do ministério do Ambiente, justifica este atraso com dificuldades na recolha de documentação dos proprietários, que é obrigatória para a celebração dos acordos, e no contacto com os proprietários de imóveis não habitados. A EDM garante também que a associação dos antigos mineiros tem sido informada da evolução de todo o processo nas reuniões frequentes que têm sido mantidas entre as partes.
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