
António Costa
Global Imagens/João Girão
O candidato às primárias do PS defendeu hoje a criação de um programa de reformas a tempo parcial, que se some ao trabalho também a tempo parcial e à contratação de jovens a tempo inteiro.
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A hipótese foi avançada por António Costa na apresentação da sua moção política sobre as grandes opções de Governo, que decorreu ao final da manhã na sede do partido, em Lisboa.
«Se esta reforma em certos setores tiver natureza estrutural é elegível para financiamento por via de fundos comunitários», acrescentou, considerando que desta forma não se vai contribuir para agravar os problemas da segurança social.
Preconizando uma «nova abordagem da organização do tempo de trabalho», António Costa considerou a atual situação um «absurdo», na medida em que se afasta do mercado de trabalho as novas gerações que têm maiores condições de produtividade e são mais qualificadas, ao mesmo tempo que se adia a passagem à idade da reforma de pessoas menos qualificadas e com menor capacidade de trabalho por causa da sustentabilidade da segurança social.
«Permitir uma reforma a tempo parcial significa também o trabalho a tempo parcial e a condição tem de ser a contratação de jovens a tempo inteiro», sublinhou, considerando que desta forma se estará igualmente a «ajudar à modernização do tecido empresarial».
O aumento do salário mínimo para os 522 euros, a reposição e estabilidade nas pensões e a diminuição do IVA na restauração foram ideias antigas reforçadas hoje por António Costa. O candidato foi um feroz opositor do Tratado Orçamental e propôs que este seja aplicado de forma flexível.
Num discurso programático, não faltaram contudo as "farpas" a António José Seguro. Costa acusou o seu adversário interno de falta de estratégia para o país.
«Ninguém pode ter a ideia de que é dono do PS. Acha que as propostas do PS são as propostas do secretário-geral do PS? A propostas do PS são as propostas do conjunto do partido e não só as propostas do secretário-geral do PS», afirmou, quando questionado sobre as acusações do seu adversário nas primárias socialistas, António José Seguro, de que as suas propostas são apenas uma «imitação» daquilo que já foi apresentado.
Sublinhando que o PS «tem de se diferenciar do atual Governo e não de si próprio», o também presidente da Câmara de Lisboa disse não querer entrar no «campeonato de quem propôs o quê», mas recordou que a proposta socialista de aumento do salário mínimo resultou precisamente de uma proposta sua.
Outras notas em destaque no discurso de António Costa foram a incisiva recusa da diminuição do número de deputados e a abertura a soluções governativas à esquerda do PS.