António Costa Silva reconhece "dessintonia entre os números da economia e a vida dos portugueses"
António Costa Silva olha para 2023 com "copo meio cheio" e admite que o pico da inflação possa ter sido atingido em 2022."
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O ministro da Economia, António Costa Silva, reconhece que há uma "dessintonia entre os números da economia e a vida dos portugueses." Em declarações esta quarta-feira no Fórum TSF, António Costa Silva destaca "a performance notável da economia portuguesa", mas admite que ainda não se traduz no bolso dos portugueses.
"Vamos trabalhar para que essa dessintonia desapareça e se traduza de facto, numa num percurso muito mais sólido e muito mais apostado para o desenvolvimento no futuro (...) Esse é o nosso grande desafio, conseguirmos que o rendimento das famílias aumente e aumente de forma significativa."
"Passamos a vida no país a discutir como é que vamos distribuir a riqueza, mas tudo se resolve se nós conseguirmos criar mais riqueza", defende António Costa Silva. E para isso é preciso subir PIB entre 50 e 60 mil milhões de euros, o que o Governo espera conseguir "através de transformação tecnológica de mais inovação".
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O ministro da Economia destaca ainda o que considera ser "a grande notícia" do início de 2023: "temos a inflação a baixar". António Costa Silva aponta que "provavelmente o pico da inflação foi atingido no último trimestre de 2022".
"Vamos ter esta tendência de redução dos preços ao longo deste ano, esta é a previsão. No entanto, como sabemos, a realidade é complexa", ressalva. "Aqui a questão é olharmos para o copo meio cheio ou meio vazio. Tendo a olhar para o copo meio e dizer: nós conseguimos esta performance".
"Não podemos deixar-nos deslumbrar, mas também não podemos entrar em pessimismos e começar a pensar que 2023 vai ser pior. A nossa perspetiva é de grande confiança", destaca.
Sobre a situação económica do país, com a economia portuguesa crescer 6,7% em 2022, segundo as estimativas rápidas do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgadas esta terça-feira, António Costa Silva destaca "números bastante bons".
"Evidenciam uma performance que é notável da economia portuguesa numa conjuntura extremamente difícil, com taxas de inflação que não se viam há décadas, com a guerra na Ucrânia, com os efeitos que isso teve na vida das famílias e das empresas."
Isto apesar de todas as previsões "serem muito pessimistas": "Toda a gente dizia "o último trimestre vai ser um desastre, vamos entrar em recessão". E apesar da conjuntura extremamente desfavorável, não entramos em recessão."
"Trabalhamos com todos os setores empresariais do país e em todos eles os resultados deste ano 2022 são espetaculares. No turismo tivemos receitas de 22 mil milhões de euros, 20% acima dos 18.4 mil milhões conseguidos em 2019, que eram recorde absoluto; a metalomecânica, na fabricação de equipamentos e de máquinas o ano vai terminar com as exportações a atingirem cerca de 20 mil milhões de euros de receitas - nunca tinha acontecido antes na História; o setor do têxtil e do vestuário outra revelação: o máximo que tínhamos conseguido eram 5600 milhões de euros de exportações, vamos chegar aos 6000 milhões; na indústria agroalimentar muito possivelmente vamos exceder os 7000 milhões de euros de exportações."
Questionado sobre o lento, mas consistente, crescimento do desemprego, o ministro mostra-se "ligeiramente preocupado, embora pense é um resultado da sazonalidade".
"Houve um acréscimo do desemprego, sobretudo nestes últimos nestes últimos dois meses, no entanto, a taxa é historicamente baixa. Vamos tentar compreender se tem a ver com este efeito de sazonalidade e, portanto, vai desaparecer. Porque até aqui todas as indicações mostravam que o mercado de trabalho era outro grande indicador que dava confiança ao desenvolvimento económico do país."
Para o futuro, "uma das apostas do Governo", em fase de discussão com a indústria automóvel, é o processo de conversão para a mobilidade elétrica. Os primeiros carros elétricos produzidos em Portugal sairão de Viseu, mas já estão a decorrer conversações com "outros parceiros para construírem os carros elétricos em Portugal e, simultaneamente, conseguimos atrair um grande investimento numa Giga Factory para fabricar baterias em Portugal", em Sines, revela António Costa Silva.