Representantes dos taxistas reticentes com as propostas do Governo para o setor
Presidentes da ANTRAL e da FPT consideram que o ministério do Ambiente está a tentar enfraquecer a manifestação de taxistas marcada para esta quarta-feira.
Corpo do artigo
O Ministério do Ambiente enviou esta segunda-feira para as associações representativas dos taxistas, dois projetos - um de portaria e outro de decreto-lei - que contemplam alterações à regulação do setor.
Os diplomas incluem várias propostas, entre elas a uniformização da caracterização dos veículos, a fixação da idade limite das viaturas em dez anos e ainda a possibilidade dos detentores da licença de serviço de táxi poderem suspender a atividade por um ano.
ANTRAL não concorda com "nada"
Estas propostas vão estar em discussão até 27 de setembro mas, da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), chegam já palavras de discórdia. Florêncio de Almeida, presidente da associação que representa "80% do setor", revela que a ANTRAL não concorda com "nada" do que foi proposto.
"Nada do que foi anunciado vem beneficiar o setor", defende o presidente da associação, acrescentando que são necessárias "contrapartidas para a beneficiação do setor e para que este preste um serviço de cada vez maior qualidade".
Contudo, fora da discórdia parece ficar o assunto da idade limite das viaturas, embora não totalmente. "Aceitávamos que as viaturas tivessem uma idade limite, mas de 12 anos, não de 10", número que foi proposto pelo ministério.
A uniformização da cor das viaturas é também um dos pontos que a ANTRAL quer ver resolvido, isto porque considera "uma vergonha" aquilo que se passa. "Alguns nem se sabe se são pretos ou se são azul-mar. Tem que haver uma referência para o efeito", defende Florêncio de Almeida.
O presidente da ANTRAL defende que esta é uma tentativa de "esvaziar" o protesto dos taxistas, marcado para esta quarta-feira, em Lisboa, no Porto e em Faro. Nesse sentido, Florêncio de Almeida deixa o aviso de que essa tentativa não será bem-sucedida e revela mesmo que o proteste vai ser muito participado.
Federação Portuguesa do Táxi fala em "brincadeira"
Do lado da Federação Portuguesa do Táxi, os pontos de concordância com o Governo são os mesmos que os da ANTRAL, mas o presidente Carlos Ramos diz não estar contra as propostas, apesar de considerar que são uma "brincadeira".
"Defendemos há muito tempo que os carros deviam ter um limite de idade máximo para circular na praça". Também no que diz respeito às cores "devia ser definido o pantone (código de identificação de cores) e ficar só uma cor, que é o que vai acontecer no futuro, ficando o preto e o verde".
Quanto à modernização, Carlos Ramos considera não existir uma intenção "forte" de o fazer e aponta mesmo o dedo ao secretário de estado dos Transportes, que teve a "ousadia" de apresentar estas propostas pouco antes da manifestação do setor.
Os taxistas manifestam-se esta quarta-feira contra a lei que permite o funcionamento de empresas como a Uber ou a Cabify.