Apanha ilegal de bivalves. Polícia Marítima apreendeu droga e mais de 70 mil euros
Foram constituídos dez arguidos e identificados 249 imigrantes nesta operação.
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A Polícia Marítima apreendeu droga e mais de 70 mil euros na mega operação que lançou na quarta-feira, com a colaboração de outras forças policiais, contra a captura e tráfico ilegais de bivalves no rio Tejo. O porta-voz da Polícia Marítima, José Sousa Luís, revelou as nacionalidades dos quatro detidos e adiantou que foram, entretanto constituídos dez arguidos numa operação onde houve várias apreensões.
"Durante esta operação foram detidos três indivíduos de nacionalidade portuguesa, um de nacionalidade tailandesa e foram constituídos dez indivíduos como arguidos, quatro deles com pessoas coletivas. Foram também apreendidos mais de 500 comprimidos de metanfetaminas, 15 viaturas e sete motores fora de bordo, um empilhador, duas armas brancas, provas documentais, equipamentos de escolha e acondicionamento de bivalves e também foram apreendidos 71 mil euros. Nesta operação foram identificados 249 imigrantes que foram retirados do local para um alojamento transitório", revelou à TSF José Sousa Luís.
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Apesar do balanço positivo, a Polícia Marítima reconhece que ainda é cedo para dizer se conseguiu desmantelar uma rede de captura ilícita, comércio e tráfico de bivalves.
"A operação foi feita com base numa investigação que decorreu ao longo de vários meses. Ainda estamos a apurar os resultados. Portanto ainda é prematuro dizer se, de facto, a rede foi é desmantelada ou se foi só parcialmente desmantelada, isso irá saber-se, depois de o processo de investigação estar concluído. Para já fazermos um balanço positivo", acrescentou o porta-voz da Polícia Marítima.
Esta operação culmina mais de dois anos de investigação realizada pela Unidade Central de Investigação Criminal (UCIC) da Polícia Marítima, tendo resultado na execução de mais de 30 mandados de busca, apreensão e detenção em flagrante delito em Setúbal, Almada, Montijo e Samouco (concelho de Alcochete).
A AMN destaca que as investigações ainda se encontram em curso. A Polícia Marítima contou com a colaboração da Polícia de Segurança Pública (PSP), do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), do Serviço de Informação e Segurança (SIS), da Autoridade Tributária, da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e congéneres europeias, e da Europol.
Na operação, onde está incluída ainda a exploração laboral humana, estiveram empenhados no terreno "161 agentes da Polícia Marítima, acompanhados por 22 inspetores do SEF, inspetores da Autoridade Tributária e cerca de uma centena de operacionais da PSP", referiu a Autoridade Marítima.
Imigrantes identificados no Samouco alojados pelas Câmaras de Alcochete e Montijo
Mais de metade dos 249 imigrantes identificados estão alojados temporariamente nos Bombeiros Voluntários do Montijo e no pavilhão gimnodesportivo do Samouco, em Alcochete.
A informação foi revelada à agência Lusa pelos presidentes das Câmaras Municipais de Alcochete e do Montijo, Fernando Pinto e Nuno Canta, ambos do PS.
"Nós temos mais de 80 imigrantes que foram detetados pelas autoridades policiais e que foram acolhidos, temporariamente, num centro de acolhimento temporário, diria mesmo muito temporário, no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo", no distrito de Setúbal, disse Nuno Canta.
Segundo o autarca montijense, os bombeiros contribuem com o espaço e a Câmara Municipal contribui com as camas e com os hospitais de campanha de que dispõe, assim como com as refeições.
Nuno Canta salientou também que o pavilhão dos Bombeiros Voluntários do Montijo "não tem as condições adequadas para que os imigrantes ali permaneçam por muito tempo".
"Estamos a aguardar pela intervenção da Segurança Social para que encontrem soluções para as pessoas que estão temporariamente alojadas no Pavilhão Desportivo dos Bombeiros Voluntários do Montijo", acrescentou o autarca.
No pavilhão gimnodesportivo do Samouco estão atualmente 54 imigrantes. Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Alcochete, no distrito de Setúbal, explicou que a autarquia desconhecia a operação e que foram confrontados depois com a necessidade de encontrar rapidamente soluções de acolhimento, tendo sido possível disponibilizar um espaço para receber 104 pessoas.
Contudo, apenas 84 escolheram pernoitar nesse espaço e esta quinta-feira já só estão 54 (homens e mulheres).
"Disponibilizámos colchões, cobertores, frigoríficos e uma refeição quente para todos", disse o autarca, elogiando os seus serviços pela capacidade de entrega na resposta de emergência.
A situação, adiantou Fernando Pinto, está a ser acompanhada pelo Departamento de Ação Social da Câmara Municipal juntamente com o Serviço Municipal de Proteção Civil e a Segurança Social, tendo ainda estado no local um representante da embaixada da Tailândia.
"As pessoas estão a ser tratadas com dignidade dentro do que é possível fazer por parte do município", disse, adiantando que, segundo a Segurança Social, deverão ser encontradas soluções de alojamento dentro de cinco a oito dias.