António Costa admite que a inflação atinge "níveis não vistos em décadas," mas considera que o país tem motivos para confiar no futuro. "Paz, solidariedade e confiança" são as três palavras que o primeiro-ministro destaca na mensagem de Natal.
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Se há um ano António Costa declarava guerra contra a pandemia de Covid-19, agora a preocupação é com o conflito na Ucrânia, com reflexo mundial, desde logo no elevado nível da inflação, como admite o primeiro-ministro.
"Este ano, a inflação atingiu níveis que não vivíamos há três décadas, as taxas de juro subiram para valores que os mais novos não conheciam e a fatura da energia cresceu, tanto para as famílias como para as empresas," afirma o chefe do Governo na tradicional mensagem de Natal, transmitida este domingo à noite.
Durante parte do ano, António Costa e o Governo mantiveram a expetativa de que a inflação era "conjuntural e transitória", mas agora o primeiro-ministro admite que, há muito tempo, não se vivia uma situação semelhante.
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Costa cita o "esforço para enfrentar as dificuldades", refere uma luta "lado a lado para não deixar ninguém para trás" e deixa um apelo à solidariedade, no momento em que os efeitos de quase um ano de guerra são sentidos na vida dos cidadãos.
"Solidariedade é, mais do que nunca, o valor que nos deve guiar para enfrentar as consequências desta guerra. Só com este sentido de comunidade, de partilha, de solidariedade é que temos conseguido continuar a aproximar-nos das economias mais desenvolvidas da Europa, com o investimento das empresas, as exportações e o emprego a crescerem," sublinha o primeiro-ministro para defender que "temos por isso razões para ter confiança."
Costa afirma que Portugal acompanha "a dor e o sofrimento do povo ucraniano", batendo-se "lado a lado com a Ucrânia, pela Paz e em defesa do direito internacional" e deixa uma "palavra de carinho especial" à comunidade ucraniana que vive em Portugal.
"Aos que há vários anos contribuem dedicadamente para o nosso desenvolvimento e aos que vieram nestes últimos meses à procura de segurança. A todos, desejo que em Portugal encontrem o maior conforto possível neste momento de angústia e saudade", afirma o primeiro-ministro.
Na agenda para o país, António Costa mantém os desafios de reduzir as desigualdades, acudir à emergência climática, assegurar a transição digital e vencer o desafio demográfico.
E se a oposição tem acusado o Governo de não utilizar a folga orçamental para uma resposta mais robusta aos efeitos da inflação, Costa sublinha a importância de reduzir o défice e a dívida.
"A trajetória sustentada de redução do défice e da dívida coloca-nos ao abrigo das turbulências do passado. O investimento que temos feito nas qualificações, na ciência, na inovação, e na transição energética e climática garante-nos que estamos no pelotão da frente para vencer os desafios do futuro" garante o líder do Governo.
"Paz, solidariedade e confiança" são, por isso, as três palavras que neste Natal de 2022 António Costa quer partilhar com todos os que vivem e trabalham em Portugal ou no estrangeiro.
A mensagem fecha a gratidão aos profissionais, civis e militares, que mesmo no Natal garantem o funcionamento de serviços essenciais e com uma palavra "de afeto e conforto" do primeiro-ministro a todos aqueles que, "por vicissitudes da vida", se encontram sozinhos nesta quadra.