Apesar da vinculação de oito mil docentes, Fenprof vê "precariedade longe de ser eliminada"
"Os docentes que vincularam este ano obtiveram uma vaga, mas tinham uma média de idade de 45,8 anos e de tempo de serviço de 15,2 anos", critica Mário Nogueira.
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O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, alertou que a precariedade está longe de ser eliminada, apesar da vinculação de quase oito mil docentes esta terça-feira anunciada pelo Governo, e prometeu que a luta vai continuar no próximo ano letivo.
"A precariedade está longe ou fica longe de ser eliminada. Recorrendo aos números do concurso externo para o ano que agora terminou, tivemos 38.798 candidatos para 3259 vagas: os docentes que vincularam este ano obtiveram uma vaga, mas tinham uma média de idade de 45,8 anos e de tempo de serviço de 15,2 anos e é fácil perceber, mesmo antes de estar feito o levantamento dos números das colocações hoje divulgadas, que a precariedade se irá manter e arrastar", sustentou.
O ministro da Educação, João Costa, anunciou hoje que quase oito mil professores vão entrar este ano para os quadros do Ministério da Educação, a maioria através do novo mecanismo de vinculação dinâmica.
Em conferência de imprensa hoje à tarde em Coimbra, o secretário secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof) reconheceu a importância da vinculação dos 7.983 docentes, a partir de 01 de setembro, bem como a aplicação de novos índices salariais a quem está contratado a termo, correspondentes aos dos 2.º e 3.º escalões.
No entanto, registou que ficaram por preencher 25% das vagas destinadas a vinculação, indicando também "situações de grande injustiça" que resultam da aplicação do regime de vinculação dinâmica, que faz com que "docentes menos graduados e/ou com menos tempos de serviço vinculem".
Relativamente à não discriminação salarial dos docentes com vínculo laboral precário, a Fenprof considerou que esta "não fica resolvida", "pelo que a diretiva comunitária que a impede, continua por cumprir".
"O diploma de concursos criou dois índices salariais, mas parte do princípio de que não há docentes contratados com 12 ou mais anos de serviço, o que não é verdade, pois continuaremos a ter alguns milhares de docentes com este tempo de serviço e vínculo ainda precário", sustentou.
A ocasião serviu ainda para reiterar que "os professores não desistirão do seu tempo de serviço", depois de o ministro das Finanças, em entrevista ao jornal Público, ter afirmado que, para recuperar o tempo de serviço dos professores que esteve congelado, teria, por razões de equidade, de fazer o mesmo a todos os outros trabalhadores da administração pública.
"Como o senhor ministro Fernando Medina saberá do que fala, o que parece pretender é enganar a opinião pública. Se alguém se pode queixar de falta de equidade no tratamento a que está sujeito, relativamente ao tempo de serviço que cumpriu nos períodos de congelamento, tanto antes como durante o período da troika, são os professores e os educadores do continente", acusou.
Mário Nogueira deixou a garantia de que "a injustiça do roubo de tempo de serviço que é feito aos docentes" continuará a ser motivo da luta no próximo ano letivo.
"São seis anos, seis meses e 23 dias congelados que ainda faltam recuperar e dos quais os professores não abrirão mão", concluiu.