Apesar dos incêndios, região Centro foi a que teve maior crescimento do turismo

Fernando Fontes/Global Imagens
Dados do INE revelam que o Centro teve um aumento de 20,4% no número de hóspedes. Na Emissão Especial TSF, a partir de Góis, debateu-se o futuro do turismo na região, depois dos incêndios.
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Os incêndios que atingiram o país este ano podem ter devastado 59% dos concelhos da zona Centro, mas quem olha para os números nunca o diria. O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou, esta sexta-feira, que a região liderou o ranking do crescimento do número de hóspedes, até outubro.
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Na emissão da TSF, o presidente do Turismo do Centro, Pedro Machado, afirmou que, apesar da "radiografia negra" dos incêndios, estes dados mostram que os portugueses são, "verdadeiramente, um povo extraordinário".
Depois da tragédia dos incêndios, os apoios às entidades turísticas foram duplicados, mas, ainda assim, há quem não consiga restabelecer a atividade.
É o caso de Maria Ana Neves, gerente do empreendimento Loural Village, situado em Góis. O empreendimento foi atingido pelas chamas, tanto nos incêndios de junho como nos de outubro. Num complexo turístico que tem por missão a imersão na natureza, depois dos fogos, "o que ficou foi o medo", relata Maria Ana. E na área do turismo, lembra, "o sentimento de segurança é fundamental".
Na TSF, Maria Ana Neves relatou a aflição porque passou, no dia 15 de outubro. Depois dos fogos de junho, sentiram a necessidade de ter uma política de proteção contra incêndios e pediram ajuda aos bombeiros, que iriam lá dar formação dia 17 de outubro. O fogo não esperou por eles.
Maria Ana estava sozinha no empreendimento turístico quando se viu cercada por chamas. Os vizinhos avisaram-na para fugir e ainda se pôs dentro do carro, mas não sabia por onde fugir e à memória vinham-lhe as imagens das mortes na estrada, nos incêndios de Pedrógão. De modo que ali se deixou ficar, dentro do carro, "a ouvir a TSF". "Foi o meu único alento!", brincou.
Até hoje, o Loural Village continua encerrado - uma "opção forçada", nas palavras da gerente. Ainda não sabem quando irão reabrir.
Câmara de Góis distribui kits de proteção
Se em vez de a 15 de outubro, o incêndio tivesse acontecido de hoje em diante, talvez Maria Ana tivesse já alguma informação do que poderia ter feito. No final do debate, em direto do Moto Clube de Góis, a presidente da câmara de Góis, Lurdes Castanheira, anunciou que a autarquia vai começar a distribuir kits de proteção contra incêndios por todo o município.
"Todos estão convocados quando se vive uma realidade como esta", afirmou a autarca.
O ponto geral, em que todos concordam, é que esta tem de ser encarada como uma oportunidade para renascer - já que o fogo "é tão destruidor como regenerador".
Um novo plano que deve ser transversal e "envolver arquitetos, paisagistas, sociólogos", afirmou Ana Baptista, arquiteta e investigadora de espaços rurais.
Entre os participantes do debate esteve também o anfitrião, José Alvoeiro, do Moto Clube de Góis.
Seis meses depois da tragédia de Pedrógão Grande e dois meses depois dos incêndios de outubro, a TSF parte para a estrada e percorre as zonas mais afetadas pelas chamas. Veja aqui todos os trabalhos desta emissão especial.