Demitiu-se da chefia do SEF após o escândalo da morte de Ihor Homenyuk. Agora, é assessora do novo diretor.
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A ex-diretora nacional do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Cristina Gatões, que se demitiu na sequência da polémica morte de um cidadão ucraniano às mãos de inspetores do SEF, no aeroporto de Lisboa, está, de novo, a trabalhar para o organismo.
De acordo com o Diário de Notícias, Cristina Gatões é assessora do novo diretor nacional, Luís Francisco Botelho Miguel, e integra o grupo de trabalho para a reestruturação dos vistos gold.
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Cristina Gatões deixou o cargo em dezembro, nove meses após o homicídio do ucraniano Ihor Homenyuk, mas a saída foi justificada, pelo ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, com a alegação de que esta não tinha "condições para liderar o SEF no quadro da reestruturação profunda que será desenvolvida neste organismo".
Entretanto, o ministro nomeou o tenente-general Botelho Miguel para ocupar o cargo de diretor nacional do SEF - e este, por sua vez, terá convidado a antecessora Cristina Gatões para ser sua assessora e, especificamente, para trabalhar no grupo do processo de reestruturação dos vistos gold.
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O Diário de Notícias teve acesso a um despacho interno, datado de 28 de janeiro, onde Cristina Gatões, que é apresentada como "assessoria da Direção Nacional", é nomeada pelo atual diretor nacional do SEF para o grupo em causa.
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Da anterior passagem de Cristina Gatões pelo SEF, e no caso do homicídio de Ihor Homenyuk, em particular, permanecem várias questões por esclarecer. Recorde-se que a inspeção interna instaurada pela então diretora nacional não teria encontrado qualquer dado suspeito na morte do cidadão ucraniano e que o óbito só foi comunicado à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) seis dias depois de ter ocorrido, embora a lei obrigasse à comunicação "imediata".
Os três inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) acusados do homicídio do cidadão ucraniano Ihor Homeniuk, em março de 2020 no aeroporto de Lisboa, começam a ser julgados esta terça-feira, no Campus de Justiça, em Lisboa.
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Os argumentos já conhecidos da defesa dos inspetores acusados vêm contrariar declarações da antiga diretora do SEF, que, por exemplo, garantiu não existirem bastões no aeroporto de Lisboa.
Segundo a acusação, os inspetores Bruno Valadares Sousa, Duarte Laja e Luís Filipe Silva tiveram um comportamento desumano para com Homeniuk, provocando-lhe graves lesões corporais e psicológicas até à morte.
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