"Apresentámos queixa." Equipa de reportagem do Porto Canal agredida em São João da Madeira
À TSF, a jornalista do Porto Canal Joana Carvalho descreve que o repórter de imagem que a acompanhou e um representante da CDU foram os agredidos.
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Um operador de câmara do Porto Canal foi esta quinta-feira agredido enquanto fazia reportagem sobre as trabalhadoras de uma empresa de calçado em São João da Madeira que foram despedidas, mas não receberam o documento necessário para terem acesso ao fundo de desemprego.
A jornalista que acompanhava o repórter de imagem que foi agredido, descreve os acontecimentos e revela que houve mais agredidos.
"Já estávamos ali há mais ou menos meia hora com elas a fazer reportagem. Nós, mais colegas da TVI e da SIC. Tudo tranquilo, até que o portão da empresa abre e o responsável chama as funcionárias para dentro para falar com elas. Algumas ficaram ali com algum receio, não quiseram entrar, queriam entrar só com o sindicato, mas o sindicato não tinha autorização para entrar e, portanto, ficámos ali com o portão aberto a perceber quem é que ia entrar e quem é que não ia. Nisto, o responsável vê então o repórter de imagem com a câmara e dirige-se diretamente a ele a dizer que não pode filmar. Nós estávamos na via pública, portanto, nós podíamos estar ali a filmar. Pronto, dirige-se a ele, agarra no material e acaba por partir logo para a agressão. Nem sequer nos deixou explicar, nem deixou falar. Não fui eu a pessoa agredida, foi o repórter de imagem. E depois outra pessoa, da CDU, que estava lá também em solidariedade com os trabalhadores, ajudou o meu repórter de imagem e ele, sim, acabou por levar um murro. Até abriu um bocadinho da cara, terá sido um corte mesmo", conta Joana Carvalho à TSF.
A jornalista da estação televisiva portuense ainda tentou acalmar os ânimos, mas sem sucesso: "Eu ainda tentei explicar-lhe aos berros que estamos na via pública, podemos gravar, mas ele não estava a ouvir. Estava completamente fora de si e depois os trabalhadores conseguiram levá-lo lá para dentro e ficou por aí. Entretanto, chamámos a PSP para fazer queixa e apresentámos queixa. O representante da CDU também apresentou e vamos agora ver o que é que vai acontecer."
Segundo relato que recebeu de uma representante do sindicato que defendia os trabalhadores, não terá sido a primeira vez que o responsável da fábrica de calçado RAP terá sido agressivo.
"A [representante] do sindicato que estava lá connosco disse-nos que já teve também uma situação destas com ele. Portanto, acho que isto da agressividade não foi o primeiro episódio, inclusive ela foi mesmo para tribunal e ele admitiu em tribunal o que fez e disse que não se arrependia. Não comprovei nada, mas, pronto, deu para perceber que se calhar o tratamento agressivo já é algo comum", afirma Joana Carvalho.