O líder do BE afirmou hoje que o primeiro-ministro «perdeu a maioria no Parlamento» e que o país «pede a sua demissão» e desafiou-o a apresentar uma moção de confiança.
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No debate quinzenal na Assembleia da República, Francisco Louçã disse que o Governo PSD/CDS vive «uma crise gravíssima» e «está morto», criticando que o ministro de Estado e das Finanças tenha ido «defender a nível internacional um conjunto de propostas do Governo» quando «outro ministro de Estado» discordou delas «em público», depois do primeiro-ministro ter adiantado que Vítor Gaspar fora mandatado pelo Conselho de Ministros (CM).
«O senhor ministro das Finanças não fecha um acordo com a "troika' e não vai a uma reunião do Eurogrupo como foi, comunicá-las, sem que o CM o mandate para esse efeito, o senhor ministro das Finanças teve mandato para o fazer», afirmou Passos Coelho, depois de ter sido questionado por Louçã.
O primeiro-ministro sublinhou que «não faz de conta» relativamente às dificuldades na coligação e que «a primeira vez que apareceram dificuldades públicas nos dois partidos que suportam a maioria, essas dificuldades ficaram resolvidas institucionalmente».
«Nós vivemos em democracia e eu presido a um Governo de coligação, nós temos dificuldades, elas ocorreram, não se varrem para debaixo do tapete, fala-se olhos nos olhos sobre elas», acrescentou.
Já o líder bloquista atacou a «tranquilidade seráfica» de Passos ao dizer que «isto está a correr bem» e desafiou-o a apresentar uma moção de confiança sobre a Taxa Social Única (TSU).
Louçã frisou que "este é um momento muito sério" para o Governo e que as «divergências não foram entre os partidos da coligação», mas no Governo e que «foram pretexto para campanhas públicas».
«Não tem nenhum sentido esta política, ninguém acredita nela, o senhor bem pode dizer aqui, não é para nós, é para aquelas bancadas [da maioria], que não se está a afogar, porque neste Parlamento não tem maioria, o senhor perdeu a maioria, ponha à votação uma moção de confiança sobre a TSU e perde-a neste Parlamento, não se atreve», afirmou Louçã, acrescentando que na manifestação de sábado passado, houve "um milhão de pessoas à porta" do primeiro-ministro e que «quer a sua demissão».
Depois, Francisco Louçã acusou Passos de ser «enxovalhado em público pelas divergências da coligação» e de «fugir à responsabilidade» com «uma reunião de uma brigada do reumático, sem generais, onde todos saem com uma cara de enterro como se isso fosse sinal de que não se está a afogar», numa alusão ao encontro de quinta-feira entre delegações do PSD e do CDS-PP.
Passos ripostou que «à oposição cabe a escolha sobre apresentar ou não moções de censura, e ao Governo se quer ou não apresentar moções de confiança» e sublinhou que «se o Governo tivesse razões para supor que não tinha a confiança deste Parlamento, a primeira coisa que fazia era apresentar uma moção de confiança».
«O país não precisa de nenhuma crise política, mas de coesão para vencer as suas dificuldades, e eu nunca me demitirei das minhas responsabilidades nem da minha missão de ajudar a vencer essas dificuldades a partir do meu posto, que é o Governo», assegurou.
O coordenador do BE, Francisco Louçã, defendeu ainda que as alterações na TSU são inconstitucionais, porque «o sistema de Segurança Social é um sistema de garantia de seguro para a pessoa e não é um sistema de financiamento nem do Estado, nem das empresas», e considerou-a uma medida «errada porque cria recessão e idiota porque vai aumentar o défice».