AR/Censura: «Não há encenação própria ou alheia» que disfarce derrota PSD/CDS-PP, Jerónimo (PCP)
O secretário-geral do PCP afirmou hoje que «não há encenação própria ou alheia» que disfarce a pior derrota eleitoral desde 1975 de PSD e CDS-PP, nas recentes europeias, reiterando a exigência de demissão do Governo.
Corpo do artigo
«A clamorosa derrota sofrida por PSD e CDS-PP nas eleições para o Parlamento Europeu do passado dia 25 de maio - o pior resultado desde 1975 - representa uma poderosa manifestação de vontade do povo português em interromper este caminho de desastre e não há encenação própria ou alheia que possa disfarçar tal derrota e tal facto», afirmou Jerónimo de Sousa, na apresentação da terceira moção de censura comunista ao executivo de Passos Coelho, no Parlamento.
O líder do PCP destacou que «há muito que o Governo tinha perdido a sua legitimidade política, pela rutura com os seus compromissos eleitorais, particularmente, por uma prática governativa em obstinado e reiterado confronto com a Constituição».
«Seja qual for o desfecho deste debate e da votação e seja qual for a decisão do Presidente da República, esta maioria já só existe aqui. Já não existe no país!», rematou.
Para Jerónimo de Sousa, foram a «aplicação de um pacto de agressão imposto pelas 'troikas' nacional e estrangeira, das próprias opções deste Governo e as opções de uma União Europeia - um vasto programa ao serviço do grande capital» - que provocaram «100 mil empresas falidas, mais de 670 mil desempregados, 470 mil postos de trabalho destruídos, mais de 200 mil emigrantes, 600 mil novos pobres».
«A fantasiosa historieta da 'saída limpa'» vai manter Portugal «amarrado a uma situação de subalternidade e dependência, por novos compromissos com a 'troika' estrangeira e outros instrumentos de dominação da UE, designadamente por via do Tratado Orçamental que PSD, CDS e PS aprovaram, apoiam e ambicionam utilizar para perpetuar a mesma política que nos conduziu à crise», segundo o deputado comunista.
O deputado social-democrata Matos Correia contrapôs que «o PSD não recebe lições de moral do PCP sobre a defesa dos interesses nacionais».
«Quem merece censura são aqueles que com a sua cegueira ideológica provocaria que os portugueses passassem por ainda mais dificuldades do que as que já passaram», disse, revelando-se perplexo pelo voto favorável do PS a um texto que condena o Tratado Orçamental e as principais políticas europeias, acusando os socialistas de «tentar fugir entre os pingos da chuva».