Na última década existiram seis anos com mais incêndios florestais e fogachos, mas área ardida disparou em 2017. Cada fogo está a queimar, em média, 'pedaços' cada vez maiores (veja o mapa).
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Há mais de 30 anos que não existia um ano com tanta área ardida média por fogo florestal em Portugal. O último relatório do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) revela que até 31 de agosto o país registou 214 mil hectares queimados em 12.377 ocorrências.
Em termos de terreno ardido este já é, de longe, o pior ano da década (quase o dobro do segundo pior em 2010), apesar de ser, 'apenas', o sétimo em número de fogos: 2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2015 tiveram mais ocorrências que 2017.
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A área ardida bate recordes em 2017, mas o número de fogos não, conclusão reforçada no gráfico que se segue onde a TSF dividiu o número de hectares queimados pelo número de fogos.
Os resultados mostram que em 2017 em cada fogo registado arderam, em média, 17,3 hectares, muito mais que em qualquer outro ano desde 2007. Apenas 2016 (com 13,5) teve um valor mais próximo.
Os 17,3 hectares de 2017 são mais de três vezes a média de área ardida por fogo registada entre 2007 e 2016 (5,2).
Aliás, recorrendo aos dados oficiais registados na Pordata e fazendo a mesma conta verificamos que só recuando até alguns anos da década de 80 é que se encontra uma média de área ardida por fogo superior à de 2017.
Distritos de Castelo Branco e Santarém ultrapassam Leiria
O último relatório do ICNF vai ainda de encontro ao que já tinha sido divulgado pela TSF no final da semana passada (http://www.tsf.pt/sociedade/interior/quase-metade-da-area-ardida-na-europa-8741652.html). Os dados são contudo mais detalhados e contam 214 mil hectares queimados em Portugal de janeiro a agosto, o terceiro pior ano de sempre.
Além disso, depois de dois meses em que, devido ao grande incêndio de Pedrógão Grande, Leiria foi o distrito com mais área ardida, em agosto essa 'liderança' passou para dois distritos vizinhos.
Castelo Branco é agora a região com mais área queimada (37 mil hectares), seguida de Santarém (36 mil) e Leiria (23 mil).
O mapa de Portugal apresentado pelo ICNF revela uma enorme mancha do país queimada pelas chamas mesmo no centro do país.
Ao todo registaram-se este ano 123 incêndios que o ICNF classifica como de grandes dimensões por terem queimado cem ou mais hectares.
Nos fogos que afetaram áreas protegidas, destaque para 51,9% da Paisagem Protegida da Serra da Gardunha destruída pelas chamas (5.563 hectares), mas também para 60% do Monumento Natural das Portas de Ródão (579 hectares).
No Parque Natural do Douro Internacional arderam 6.685 hectares e no Parque Natural da Serra da Estrela 4.109 hectares, mas devido à grande dimensão destes parques a área afetada representa, respetivamente, 7,7% e 4,6% da sua área total.