Área Metropolitana de Lisboa vai ter mais sombras e prepara-se para mais incêndios florestais
Região avança com meia centena de medidas para se adaptar às mudanças no clima.
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A Área Metropolitana de Lisboa apresenta, esta sexta-feira, o plano para a adaptação da região às alterações climáticas que se vão sentir nas próximas décadas, nos 18 municípios das duas margens do Tejo. O documento a que a TSF teve acesso prevê 50 medidas e revela que, no pior cenário, a temperatura média na Área Metropolitana de Lisboa pode subir 3,2 graus até 2100, com mais 35 dias muito quentes durante o ano, mais 34 noites com temperaturas consideradas tropicais e menos 17,3% de chuva.
"A médio e longo prazo, o setor da 'saúde humana' deverá tornar-se dos mais afetados pelos impactes das temperaturas elevadas, com o potencial aumento da morbilidade e da mortalidade associado aos eventos extremos de calor, afetando sobretudo os grupos de população mais vulneráveis (idosos, doentes crónicos) e com menor capacidade adaptativa", pode ler-se no Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas que demorou dois anos a ser feito, com inúmeros estudos científicos e cerca de 40 workshops que envolveram mais de duas mil pessoas.
Mais sombras nas cidades
Das 50 medidas, destaca-se no topo, com 16, aquelas que se destinam a adaptar a região às temperaturas elevadas, nomeadamente para mitigar os efeitos das ondas de calor sobre a saúde humana.
O plano prevê, por exemplo, a criação de espaços de sombreamento em meio urbano (mais árvores ou mais telas que façam sombra) e de ações de arrefecimento do espaço urbano público através, sobretudo, da instalação de corpos de água e de sistemas de aspersão. "Deverão também ser desenvolvidas ações de sensibilização que incrementem a capacidade de autoproteção da população (sobretudo dos grupos mais vulneráveis e dos turistas), assim como ações de reforço da resposta dos serviços de saúde e proteção civil em situações de calor extremo."
Incêndios perto da capital
Outro problema na Área Metropolitana de Lisboa motivado pelas alterações climáticas e consequentes eventos de calor extremo é o "agravamento em praticamente todo o território metropolitano" da vulnerabilidade a incêndios rurais ou florestais.
O plano destaca "a formação de uma 'coroa' de vulnerabilidade [a incêndios] muito alta na margem norte (concelhos de Sintra, Cascais, Mafra, Loures e Vila Franca de Xira), o agravamento da vulnerabilidade na Serra da Arrábida (Sesimbra e Setúbal), o agravamento da vulnerabilidade nas áreas interiores da área metropolitana (sobretudo no concelho do Montijo) e em áreas mais densamente arborizadas localizadas na área mais central da região (Lisboa, Odivelas, Barreiro e Seixal)".
Secas e cheias
O Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas prevê ainda 16 medidas para adaptar a região às secas, entre elas a redução ou reutilização da água consumida no exterior.
Finalmente, há dez medidas previstas para mitigar os efeitos da subida do nível das águas do mar e oito medidas para adaptar os 18 municípios da região ao previsível aumento das cheias e inundações.