Uma derrota em toda a linha. Os armadores portugueses dizem que o documento, que é assinado esta segunda-feira em Bruxelas, salvaguarda sobretudo os interesses de Espanha.
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O novo acordo bilateral entre Portugal e Espanha proíbe os portugueses de pescarem ao fim-de-semana, mas nada impede que os espanhóis lancem as redes ao sábado e domingo.
Em declarações à TSF, António Cabral, secretário-geral da Associação dos Armadores das Pescas Industriais, diz que leu o acordo e concluiu que a balança não está equilibrada, também noutros pontos.
«Espanha conseguiu que os seus navios em Portugal mantivessem os fatores de competitividade que os valorizam em relação à nossa frota, designadamente poderem pescar, durante o mês de janeiro, crustáceos e marisco. Os espanhóis pescam ainda em Portugal com malhagem inferior à que os portugueses utilizam», exemplifica.
Manuel Pinto de Abreu, secretário de Estado do Mar, explica que o acordo não é discriminatório, afirmando que «neste momento, a reciprocidade é plena. Todas as regras técnicas que estejam estabelecidas em Portugal, as embarcações espanholas quando vierem a Portugal têm que as observar».
António Cabral contesta e acusa o Governo de ignorar os pareceres dos armadores e de permitir mais vantagens para Espanha.
«Espanha superiorizou-se na negociação, de modo que aquilo que nós tínhamos como vantagem em Espanha foi totalmente abolido por ignorância do Governo português, por não ter valorizado as posições técnicas que a nossa associação lhe enviou. O setor de pesca português tem aqui uma derrota em toda a linha», defende.
O acordo de pescas entre Portugal e Espanha foi assinado em 2003 e é renovado de dois anos em dois anos.
As novas regras que entram em vigor em 2014 são assinadas hoje em Bruxelas. Os armadores portugueses preveem dois anos de mais desemprego e desinvestimento.