A casa de Armando Pereira foi alvo de buscas na quinta-feira. Há mais dois detidos resultantes desta operação.
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O cofundador da Altice, Armando Pereira, foi detido na noite de quinta-feira na sequência das buscas que foram feitas à sua casa, em Vieira do Minho, está no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa, e só é presente a juiz neste sábado, adiantou a SIC Notícias e confirmou a Lusa junto de fonte judicial.
A mesma fonte não identificada adiantou à agência noticiosa a existência de outros dois detidos que também foram levados para o mesmo estabelecimento prisional.
Segundo uma nota entretanto divulgada pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os três detidos serão presentes a primeiro interrogatório judicial este sábado devido à greve de hoje dos oficiais de justiça.
"As suspeitas que levaram à realização das diligências indiciam a viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência. Esses factos são suscetíveis de constituir crimes de corrupção privada, na forma ativa e passiva", refere a mesma nota.
Na quinta-feira, a Altice foi alvo de buscas por suspeitas de corrupção, fraude fiscal e branqueamento de capitais. A casa de Armando Pereira foi um dos locais inspecionados pelas autoridades. A TSF já tentou contactar a Altice, mas sem sucesso.
Trabalhadores lamentam que a empresa esteja sob suspeita
Jorge Félix, do Sindicato dos Trabalhadores da Altice, considera que a detenção de Armando Pereira é um mau sinal para a empresa.
"É muito mau que a Altice Portugal, uma empresa que consideramos de grande relevância para o nosso país, esteja a ser vítima de suspeita de situações complicadas", aponta em declarações à TSF.
Jorge Félix adianta que "isso não deixa descansados os trabalhadores" e que ao próprio sindicato "de forma alguma satisfaz".
"Do que nós precisamos é de estar com uma empresa bastante bem colocada e que, seja bem vista pelos cidadãos e pelos clientes", adianta.
A investigação incide, em particular, sobre negócios imobiliários em que estarão envolvidos empresários com ligações a sócios e parceiros de negócio de Armando Pereira.
O sindicalista explica que, depois da pandemia, muitos funcionários da Altice começaram a fazer teletrabalho, o que libertou muitos espaços: "Mais de 50% dos trabalhadores fazem trabalho remoto", explica.
Jorge Félix afirma que o sindicato tinha conhecimento de que estavam a ser vendidos imóveis pertencentes ao grupo e não discordou, mas não sabe em que moldes foram feitos esses negócios.
Os espaços, "não tendo qualquer rentabilidade, é lógico que a empresa possa fazer negócio e vender. Agora, como é que o fez, se o fez de forma normal, ou de forma fraudulenta, já não podemos afirmar", rematou.