Após afirmar que irá sentir-se "traído e engando" caso as alegações que envolvem a Altice Portugal sejam verdade, Patrick Drahi reforça "papel fundamental" de Armando Pereira na empresa e esclarece que a sua saída nada teve a ver com a Operação Picoas.
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Armando Pereira, arguido da Operação Picoas, foi consultor da Altice França até final de julho e a saída do cofundador da empresa francesa nada teve a ver com as questões judiciais, afirmou esta terça-feira, em Paris, Patrick Drahi, fundador do grupo.
"Sobre o envolvimento do Sr. Pereira em França, como a questão foi levantada ontem [segunda-feira] e eu prometi responder, ele foi vice-diretor-geral do nosso negócio francês, ou seja, da SFR, não estando envolvido no negócio de média desde o final de 2017 até ao início de 2019, onde, ao lado do nosso atual CEO, desempenhou um papel fundamental no relançamento do negócio e na construção da rede Xp Fibre, que já está mais de 80% implementada", disse Patrick Drahi durante uma teleconferência com os investidores da Altice França.
"Assim, independentemente dos recentes acontecimentos imprevisíveis, esta missão consultiva foi, portanto, encerrada no final de julho de 2023″, concluiu.
Este esclarecimento surge depois de o multimilionário ter revelado, na segunda-feira, que a empresa suspendeu "de imediato" 15 contratos em Portugal, França e Estados Unidos na sequência da Operação Picoas.
Patrick Drahi disse ainda que "foi um choque e uma grande deceção" a investigação que envolve a Altice Portugal e sublinhou que, se "essas alegações forem verdadeiras", vai sentir-se "traído e enganado".
A Operação Picoas, desencadeada em 13 de julho, levou a várias detenções - entre as quais a do cofundador do grupo Altice Armando Pereira -, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios em vários pontos do país, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP). Esta foi uma ação conjunta do MP e da Autoridade Tributária (AT).
Desde 19 de julho, Ana Figueiredo passou a acumular o cargo de chairwoman [presidente do Conselho de Administração] da Altice Portugal com o de presidente executiva (CEO), depois de Alexandre Fonseca ter suspendido as suas funções no âmbito das atividades empresariais executivas e não executivas de gestão do grupo em diversas geografias, incluindo as posições de chairman em diversas filiais, entre as quais a da Altice Portugal, tal como o administrador da Altice Portugal João Zúquete da Silva, que tinha a área do património.
Também o genro de Armando Pereira, Yossi Benchetrit, responsável pela área de compras e imobiliário da Altice USA, está de licença.