Vão ser contactadas mais de cinco mil entidades que sejam potenciais detentoras de documentos sonoros. A equipa instaladora do Arquivo Nacional do Som já digitalizou 50 sons que corriam o risco de se deteriorar - um deles é um fado interpretado por Maria Teresa de Noronha, gravado em 1939.
Corpo do artigo
Depois de concluída a primeira fase do plano estratégico para a instalação do Arquivo Nacional do Som, dedicada a definir boas práticas e padrões estabelecidos internacionalmente no campo da arquivística de som, decorre agora a segunda etapa do plano. A equipa instaladora do Arquivo Nacional do Som vai começar a contactar mais de cinco mil entidades nacionais, públicas e privadas, que sejam potenciais detentoras de documentos sonoros para recolha de informação através de entrevistas e inquéritos.
O objetivo é fazer o levantamento de todos os documentos sonoros que que possam ter valor histórico, científico ou cultural.
Desde rádios, museus e arquivos, a empresas, estúdios de gravação e investigadores, a equipa instaladora vai contactar todos os potenciais produtores de documentos sonoros no país.
"Estamos atentos à produção de documentos científicos, por exemplo, em campos tão pouco habituais como a bioacústica, da ornitologia à gravação de morcegos, ao som de tremores de terra", explica Pedro Félix, coordenador da equipa.
TSF\audio\2020\03\noticias\09\sara_de_melo_rocha_arquivo_do_som
A equipa já digitalizou 50 sons que corriam o risco de desaparecer, como é o caso de uma gravação feita em 1939 pelos Serviços Técnicos da Emissora Nacional, em Lisboa.
O documento, com o título inscrito no disco "Fado Sem Nome", diz respeito a um fado interpretado por Maria Teresa de Noronha "que estava na posse de um familiar". Foi a primeira vez que um disco instantâneo gravado em Portugal foi lido de modo ótico.
"Os ruídos decorrem do estado de preservação do suporte que não podia ser compensado sem que os timbres da interprete e dos instrumentos ficasse alterados", refere Pedro Félix.
Para chegar a pérolas escondidas, a equipa está também a realizar, desde janeiro, um inquérito junto de todas as câmaras municipais do país para encontrar outras entidades locais que possam também estar na posse de documentos sonoros.
Em declarações à TSF, Pedro Félix refere que a equipa instaladora não quer "limitar o conhecimento da realidade à informação que já existe, porque pode acontecer que uma instituição não tenha sido ainda mapeada. E, neste momento, é isso que esse inquérito está a fazer".
O plano estratégico para a instalação do arquivo, anunciado há seis meses pela ministra da Cultura, Graça Fonseca, incluiu também a assinatura de um protocolo entre a INATEL e a equipa instaladora do Arquivo Nacional do Som, em fevereiro, para a realização de um inquérito a mais de 2500 associações em todo o país, com atividade ligada à música, teatro, dança, etnografia e desporto.
Se quiser contribuir para o Arquivo Nacional do Som, a equipa instaladora do projeto está a aceitar o envio de documentos que possam integrar o património sonoro nacional, o que poder ser feito através do site do projeto.