Arranca a 24.ª edição da ZimbraMel com apicultores a registarem quebras até 70% na produção
O presidente da Assembleia Geral da Associação de Apicultores da Península de Setúbal afirma que apesar das quebras registadas, os prejuízos causados pela vespa asiática não estão a ser traduzidos nos preços para o consumidor final, que considera serem "manifestamente insuficientes".
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A 24.ª edição da ZimbraMel, a Feira do Mel da Península de Setúbal, arranca este sábado e decorre até domingo, num ano em que as vespas asiáticas estão a dar prejuízos
aos apicultores.
O vereador de Sesimbra José Polido, que também é apicultor nos tempos livres e presidente da Assembleia Geral da Associação de Apicultores da Península de Setúbal, confessa ter boas expectativas para a feira, que tem como objetivo promover o mel e produtos derivados, apesar de falar num "problema grave" que tem afetado o setor.
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"Temos um problema grave, que é transversal de norte a sul do país - mais no norte e está a estender-se para o sul -, que tem que ver com um problema que se chama vespa asiática. Essa praga, que foi introduzida na Europa há uns anos, começa-nos a atingir e é responsável por dizimar grande parte dos apiários se os agricultores não tiverem cuidado", afirma José Polido, em declarações à TSF.
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José Polido fala em quebras na produção que podem ir até aos 70% e defende, no entanto, que os prejuízos causados pela vespa asiática não estão a ser traduzidos nos preços para o consumidor final.
"Alguns apicultores provavelmente terão quebras, não face ao ano anterior, porque já tiveram quebras, mas face aos chamados anos normais de 50, 60 ou 70% - provavelmente será por essa a ordem de grandeza dos prejuízos", avança, alertando ainda que uma parte do mel produzido é "revertida novamente para a colmeia".
"Até porque depois, muito do mel, ou algum desse mel, para não utilizar outros produtos, terá de ser revertido novamente para a colmeia, para a alimentar as abelhas, para estarem fortes para quando começar uma nova época na primavera terem condições de produzir algum mel. Quem está no setor está a ver isto com alguma apreensão", adianta.
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Ainda assim, José Polido estima que um quilo de mel continue a custar 10 euros, um preço que considera ser "manifestamente insuficiente para os custos que o apicultor tem na produção do seu mel".
O apicultor justifica a continuação do setor com a "paixão" que estes profissionais têm pela atividade.
A ZimbraMel, que nasceu em 1999, realiza-se no Parque Augusto Pólvora e é organizada pela Câmara Municipal de Sesimbra, em parceria com a Junta de Freguesia do Castelo e pela Associação de Apicultores da Península de Setúbal.