ARS/Algarve rejeita responsabilidade na falta de recursos humanos nos Serviços de Urgência Básica
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve rejeitou hoje responsabilidades relativamente à falta de recursos humanos verificada em Serviços de Urgência Básica da região, por considerar que esta matéria é competência do Centro Hospitalar do Algarve (CHA).
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Já o presidente do conselho de administração do CHA, Pedro Nunes, afirmou que os recursos humanos para as urgências são da responsabilidade da ARS e o centro hospitalar só pode assumi-la quando também forem transferidas as verbas para esse efeito.
A posição da ARS, através do presidente, João Moura Reis, e de Pedro Nunes foram expressas à agência Lusa na sequência de notícias publicadas na imprensa a dar conta da falta de auxiliares de ação médica no Serviço de Urgência Básica (SUB) de Albufeira e das queixas de um grupo de cidadãos pela defesa dos serviços públicos em Loulé relativamente à falta de profissionais no SUB local.
«Temos tido de facto algumas dificuldades em encontrar algumas categorias profissionais, isto em relação aos SUB. E neste caso pontual parece que houve de facto a falta dos assistentes operacionais», admitiu João Moura Reis, ao ser questionado sobre uma notícia publicada no Correio da Manhã sobre falta de higiene no SUB de Albufeira devido à ausência de auxiliares em determinados turnos.
João Moura dos Reis frisou que o problema foi motivado pela baixa médica de duas funcionárias, o que torna «ainda mais difícil» o trabalho da ARS para definir escalas de serviço para todos os turnos, trabalho que tem sido feito, disse, apesar de os SUB estarem sob tutela da «área hospitalar», como define um «despacho do Governo que data de maio passado».
«A não assunção deste tipo de circunstâncias pela parte que lhe compete, neste caso o Centro Hospitalar do Algarve, faz com que nós façamos das tripas coração, digamos assim, para tentar colmatar e manter aberto um serviço público com pessoas que esse serviço não tem», afirmou, sublinhando que os regimes de contratação da ARS são mais restritivos do que os do CHA e só é possível assegurar as escalas com voluntários de outros serviços.
O responsável da ARS do Algarve acrescentou que há cada vez mais dificuldades em encontrar profissionais que se disponham a realizar esse trabalho voluntário noutros serviços e espera que a situação se resolva rapidamente, com o CHA a assumir essas responsabilidades e a cumprir o despacho que «atribui ao centro hospitalar essa responsabilidade».
O presidente do conselho de Administração do CHA, Pedro Nunes, rejeitou esta argumentação e disse à Lusa que, "para transferir para o Centro Hospitalar a responsabilidade sobre os SUB, também é preciso transferir a parte económica", porque «não se pode administrar uma coisa se não houver o dinheiro correspondente para a administrar».
Pedro Nunes considerou que o grande problema no Algarve é «a falta de recursos humanos», que torna «absolutamente inviável» as escalas para os SUB, só possíveis de garantir, nestas condições, caso «os médicos de família se disponham a fazer urgência básica, apesar de não estar no seu perfil profissional».
Pedro Nunes reconheceu que o Governo fez um despacho a atribuir a responsabilidade" dos SUB ao CHA, mas frisou que «esse mesmo despacho também diz que a ARS assegura os recursos humanos».
«Não há gente disponível e enquanto não houver gente disponível não vale a pena dizer que a responsabilidade é de um ou de outro porque não é possível fazer omeletes sem ovos», afirmou.