"Retornar - Traços da Memória" é o nome da exposição e de uma iniciativa que vai decorrer em Lisboa durante quatro meses. São diferentes olhares para um mesmo movimento, que assinalam quatro décadas do que ficou conhecido como o retorno das antigas colónias portuguesas.
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Há debates, teatro, performances mas tudo começa com uma exposição "feita de raíz" e que, acrescenta Joana Gomes Cardoso, "parte de entrevistas e também de uma intervenção urbana junto ao Padrão dos Descobrimentos, onde em 1975 ficaram os pertences de muitas pessoas que vieram na ponte aérea".
A presidente do conselho de administração da EGEAC (a Empresa de Gestão de Equipamentos e Animação Cultural de Lisboa) descreve uma instalação "de contentores junto ao Padrão de Descobrimentos com frases que ligam a esta exposição da Galeria Avenida da Índia e ao discurso directo destas pessoas".
E o sentido dos discursos varia, como revela a comissária da exposição. Elsa Peralta sublinha que algumas pessoas "estão ressentidas, outras estão apaziguadas, interessa trazer a feição mais pessoal da recordação daquilo que foi a perda, a perda de toda uma vida que foi interrompida e que teve que ser reajustada por causa da vinda para Portugal."
No Padrão dos Descobrimentos, junto à instalação de caixotes que está a ser instalada, a TSF falou com Ana Maria Almeida, cidadã portuguesa que em 1975 se viu forçada a sair de Angola pela primeira vez, país onde nunca mais voltou. Tinha 38 anos quando viajou para Lisboa. Recorda o frio mas garante que foi bem recebida. Chegou sem nada. Puxa pela memória através de fotografias a preto e branco que guarda religiosamente. O casamento, o batizado dos filhos, um almoço e um jantar.
Na exposição, que vai abrir portas ao público esta quarta-feira às 18:00, são mostradas algumas das recordações que Ana Maria Almeida conserva. O programa pode ser consultado aqui.