"Relação já foi melhor." Portugal aciona meios para resolver crise com Venezuela
O Governo português defende que não há justificação para a decisão da Venezuela de suspender os voos da TAP para o país.
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Em entrevista à TSF, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, revelou foram acionados, esta segunda-feira à noite, os meios diplomáticos para reverter a decisão do Governo de Nicolás Maduro de cancelar todos os voos da TAP para o país.
Na segunda-feira, o Governo venezuelano anunciou a suspensão por 90 dias das operações no país da companhia aérea portuguesa TAP, "por razões de segurança", após acusações de transporte de explosivos num voo oriundo de Lisboa, no qual viajou Juan Guaidó.
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"Não considero aceitável [a decisão do Governo de Caracas], até porque não foi feita nenhuma investigação, não foi apresentada nenhuma prova que pudesse ser escrutinada objetivamente, nem sequer foi dado à companhia aérea o direito de apresentar as suas razões", afirmou Augusto Santos Silva, esta manhã, à TSF. "Não há nenhuma coisa que a TAP tenha feito que justifique essa medida."
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O Governo espera que seja possível chegar uma conclusão recorrendo à diplomacia e que os voos sejam repostos.
"Nós temos relações diplomáticas com a Venezuela, que tem um embaixador em Portugal; e Portugal tem um embaixador em Caracas", notou o ministro. "Vamos usar todos os meios diplomáticos ao nosso alcance."
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Segundo Augusto Santos Silva, desde a noite de segunda-feira que os meios diplomáticos foram acionados. O importante, ressalva o ministro dos Negócios Estrangeiros, é resolver a situação que está a causar problemas, em particular, à comunidade portuguesa no país.
"A TAP é uma das poucas companhias aéreas internacionais que faz voos regulares para Caracas. Suspender esses voos significa, mais uma vez, prejudicar a população da Venezuela e prejudicar, especificamente, a comunidade portuguesa na Venezuela, que tem trabalhado muito bem em prol da economia e do bem-estar desse país amigo de Portugal", sublinhou o ministro.
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Perante as acusações feitas pelo Governo de Nicolás Maduro, Augusto Santos Silva admite que as relações entre os dois países já conheceram melhores dias.
"As relações já foram melhores, já foram mais próximas", confessou o ministro. "A crise que a Venezuela vive tem, naturalmente, repercussões a todos os níveis. Mas, ainda há poucas semanas, o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas esteve na Venezuela, contactando com todas as comunidades, com as autoridades venezuelanas e com o Governo, e com a Assembleia Nacional", reparou. "Esses canais de diálogo são muito importantes para que os interesses do país sejam defendidos."
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Também questionado sobre a investigação ordenada pelo Governo português para provar que não houve irregularidades no voo da TAP em causa, o ministro afirmou que as conclusões serão conhecidas logo que termine o inquérito.
A TAP considera grave a decisão da Venezuela de suspender por três meses os voos da transportadora para Caracas, alegando que não lhe foi sequer dada hipótese de exercer o direito ao contraditório.
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