Pensionistas protestam contra o aumento do custo de vida e exigem medidas do Governo.
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Os panfletos vão passando de mão em mão e resumem as reivindicações que justificam a presença dos mais de cem pensionistas e reformados que se juntaram na Alameda, em Lisboa. "Hoje não podia ficar em casa. Às vezes o comodismo fala mais alto, mas não pode ser. Temos de lutar", explica Odete Cruz.
A iniciativa, organizada pelo MURPI - Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos e a Inter-Reformados, ligada à CGTP, quer alertar e pedir "medidas excecionais" para fazer face ao aumento do custo de vida. "Os reformados estão vivos e para durar", atira Olívia Matos. Esta reformada lembra que "os reformados têm direitos. Trabalharam durante toda a vida, contribuíram para a economia. Não podem ser o caixote do lixo da economia".
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Odete Cruz é outra das pensionistas que quis estar na rua esta tarde. "Sinto-me revoltada. Temos um governo socialista que mostra que há dinheiro para tudo e mais alguma coisa, menos para aqueles que trabalham". Enquanto uns conversam e partilham os problemas do dia a dia, outros vão mostrando que o apelo principal está bem ensaiado. "Melhores salários, aumento nas pensões", ouve-se na Alameda.
Rumo ao ministério
O relógio marca as 16h00 e a comitiva segue em direção à Avenida Guerra Junqueiro. No topo da rua está o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. Pelo caminho, os reformados entregam os panfletos a quem aparece no caminho. Aos funcionários das lojas ou a quem está sentado numa esplanada a beber um café, vão explicando que "os reformados têm direito a envelhecer com dignidade".
Já na Praça de Londres, onde está localizado o quartel-general do ministério, Lurdes Pinto, uma das reformadas que se juntou ao movimento, explica o simbolismo desta paragem. "É para ver se acordam. É para ver se abrem os olhos." Esta pensionista reconhece que as pensões foram aumentadas no início do ano. Mas não chega. "A maior parte das pessoas, infelizmente, ganha 400 euros. Tiveram um aumento que nem chegou aos 20 euros", lembra.
Os panfletos mostram que o MURPI defende um aumento mínimo de 60 euros nas pensões. Joaquim Botelheiro concorda, e até vai usar os panfletos noutro local para a luta chegar a outras bandas. "Vou levar para o café da minha rua. Para as pessoas tomarem consciência do que se está a passar." Na lista de exigências, estes reformados pedem ainda que seja criado "um cabaz de compras com fixação de preços dos produtos alimentares e serviços essenciais". O Serviço Nacional da Saúde também não é esquecido, e os pensionistas sublinham "a exigência de investimento nos cuidados primários e nas consultas de especialidade no SNS".
"Aqui tem o panfleto." Olívia também continua empenhada na missão de passar a mensagem ao maior número de pessoas possível. Esta reformada continua a entregar panfletos. "O que é que acha da nossa luta?", pergunta a um reformado já na casa dos 80 anos. "Acho bem, porque nós, os reformados, estamos a ser roubados de todas as formas e feitios", ouve-se em resposta.
A semana é de temperaturas baixas, e o frio sente-se na capital. O céu limpo permite que o sol tenha estado a descoberto durante toda a tarde, mas não em dose suficiente para subir os termómetros. Qualquer que seja a temperatura, os reformados prometem voltar à rua.
"As temperaturas não param a luta", apressa-se a afirmar Joaquim. "Ora bem. Isso é verdade."