O objetivo é evitar que exista circulação ilegal entre as diversas regiões vinhateiras do país. Até ao momento não houve apreensões, mas a operação vai continuar depois nas adegas.
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Os viticultores da Região Demarcada do Douro defendem a necessidade de se aumentar a fiscalização à entrada de uvas de outras zonas vinhateiras, mas também reivindicam que sejam mais bem pagas ao produtor. Quem vive da viticultura queixa-se de que os custos de produção estão sempre a aumentar e isso não se reflete no valor que depois recebem pelas uvas.
O viticultor Emanuel Pinheiro acaba de ser fiscalizado, numa operação STOP na Régua, e diz concordar com as ações de controlo, para que "as pessoas andem legais e não entrem uvas de fora da região", mas também "para que o vinho seja mais bem pago".
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Ricardo Simões está igualmente de acordo, "para controlar a qualidade das uvas" e "dar mais valor à vinha e ao produto do Douro". Contudo, não basta fiscalizar, melhor seria "pagar mais aos produtores" pelas uvas, até porque este ano "foi cortado o benefício", que é a quantidade de mosto que pode ser transformado em vinho do Porto. "Começa a ser insustentável produzir uvas e vinho na Região Demarcada do Douro", sublinha.
Tal como no Douro, está em marcha em todo o país a operação vindima 2023 da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) em parceria com as entidades que governam as regiões vitivinícolas e com a GNR.
"É uma intervenção nacional com vista a garantir a autenticidade e garantia de qualidade do vinho, refere o inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar. Acrescenta que o objetivo é evitar o trânsito ilegal de uvas entre as diversas zonas produtoras para que depois não se compre gato por lebre.
As ações têm incidido na fiscalização do transporte rodoviário de uvas e mostos, mas Pedro Portugal Gaspar realça que existem outras informações "documentais, sobre o volume de produção, negócio e estatísticas", para perceber se há "oscilações anormais", que vão ser recolhidas numa fase posterior. Até ao momento, acrescenta, "o balanço da circulação é positivo e sem infrações, tendo decorrido num quadro de normalidade".
Na Região Demarcada do Douro, a produção tem reclamado mais fiscalização à entrada de uvas de outras regiões vitivinícolas. Por causa disso, o inspetor-geral da ASAE nota que é importante "ir ao terreno para verificar se é uma suspeita infundada ou não". Pelo facto de ainda não se terem detetado irregularidades, "não quer dizer que não tenham de se aprofundar mecanismos de fiscalização e o cruzamento de informação". Daí a importância do trabalho em parceria com a entidades certificadoras e reguladoras das respetivas regiões.
Uma delas é o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto, cujo presidente, Gilberto Igrejas, realçou que o mais importante deste tipo de ações de fiscalização é "a defesa e o controlo das denominações de origem" que tutela. Para além da repressão, a presença dos fiscais no terreno também tem uma componente de "pedagogia", até para "ensinar a preencher a documentação de forma que tudo esteja dentro do quadro da legalidade exigida".