Na freguesia, não havia memória de um crime assim: foram vandalizados e furtados artigos de arte funerária em 22 sepulturas. Habitantes estão preocupados e até começaram a trancar a porta de casa
Corpo do artigo
Um assalto ao cemitério da freguesia de Covas, em Vila Nova de Cerveira (Viana do Castelo), assustou a população e mudou-lhe os hábitos. Os habitantes da pacata aldeia, que ainda estavam habituados a deixar a porta de casa destrancada, deixaram de confiar. E, agora, levam à letra o ditado "casa roubada, trancas à porta".
Em Covas, não havia memória de um assalto assim: foram vandalizados e furtados artigos de arte funerária em 22 sepulturas. E, na mesma altura, segundo informação do Comando Territorial da GNR de Viana do Castelo, foram registados outros assaltos a cemitérios em duas freguesias de concelhos vizinhos, Bertiandos, no município de Ponte de Lima, e Agualonga, em Paredes de Coura.
“Deixava a chave na porta, andava para aqui e para ali. Agora não. Saio a porta, a chave vai comigo, no bolso. Ainda há bocado o meu marido deixou a porta encostada, já lhe passei um sabonete. A porta não é para deixar encostada, é para fechar”, conta à TSF Fernanda Dantas, uma habitante de Covas, indignada com o furto de sepulturas. “Todo o mundo ficou surpreendido e está toda a gente cheia de medo, porque assaltaram o cemitério e agora podem vir para as casas. E nós aqui a polícia anda muito rara. Anda de dia, mas nós precisávamos era que andasse de noite”, reclama.
A indignação é também o sentimento de Anibal Ferreira, outro habitante da aldeia.
“Um assalto é sempre um assalto e é uma falta de respeito das pessoas que o fazem. São pessoas sem escrúpulos. Não há respeito, não há nada, é roubar, não sei se são pessoas que precisam de dinheiro para comer ou não, mas que é mau, é”, lamenta.
Os assaltantes que agiram durante a noite, levaram sobretudo artigos religiosos de ornamentação de campas. “Levaram elementos de adorno de sepulturas e algumas delas também foram vandalizadas. Não conseguiram levar, mas partiram, danificaram. Furtaram, sobretudo, materiais com algum valor, aqueles que eles achariam que eram de cobre, eventualmente, mesmo, alguns de cobre”, descreve o presidente da junta de Covas, André Araújo, adiantando que “por aquilo que se vai ouvindo na freguesia, levaram imagens com valor de dois mil euros, 800 euros”. O autarca refere que, na mesma altura do assalto ao cemitério, no final de fevereiro deste ano, também foi assaltado o café que se situa a escassos metros.
“Num sítio tão tranquilo como é a nossa aldeia e numa semana surgirem uma série de situações deste género, duas vezes o café e o cemitério, é claro que isto deixa as pessoas um bocadinho assustadas”, comentou.
