O candidato à liderança do PS diz que que lhe «repugna» quem reduz a política à cultura dos afectos, contrapondo que a política é por natureza conflito democrático de ideias, do qual resulta a criatividade.
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Francisco Assis falava num encontro da sua moção de estratégia, intitulada «A Força das Ideias», na antiga Feira Internacional de Lisboa (FIL), numa intervenção em que se referiu de forma implícita à promessa do seu adversário na corrida interna dos socialistas, António José Seguro, de introduzir uma cultura dos afectos nas relações entre os militantes e nas relações entre os socialistas e a sociedade portuguesa.
«Repugna-me a ideia de que é possível transformar a vida política num imenso magma de afectividade, porque isso é a redução e a destruição da política. A política não é a dimensão do afectivo, isso é outra dimensão das nossas vidas. A política é a dimensão da discussão das ideias, do debate, da contraposição, das convergências e divergências em torno de projectos, de ideias e propostas», sustentou o ex-líder parlamentar do PS.
Na sua intervenção, Francisco Assis criticou também indirectamente o seu adversário por recusar-se a abrir o debate no interior do PS, antes das eleições do novo secretário-geral a 22 e 23 deste mês.
Assis identificou «uma crise na relação da sociedade portuguesa com os partidos, mas também uma crise na relação da sociedade com o PS».
«Sobre isso não tenho a mais pequena dúvida e, como tal, esse problema tem de ser resolvido. As pessoas pensam que nas sedes e nos espaços públicos do PS se discute pouco o que interessa cá fora, que há uma espécie de muro a separar o mundo das pessoas e o mundo das sedes partidárias», observou o ex-líder do PS.