Associação Cidadãos por Lisboa defende aumento do número de ruas pedonais junto a escolas
Destacando que as crianças "são utilizadoras do espaço rodoviário especialmente vulneráveis", a associação explica à TSF que a proposta tem como objetivo criar "um espaço mais seguro" os peões.
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A Associação Cidadãos por Lisboa defendeu esta quinta-feira que o aumento do número de ruas pedonais junto às escolas sob gestão do município de Lisboa é uma questão "premente" e instou o executivo camarário a agir.
Floresbela Pinto, uma de três vereadores do movimento que assinam a proposta, reconhece que Lisboa já tem um histórico de melhoria da acessibilidade pedonal na cidade
e de redução da sinistralidade.
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"Nós temos referência de pelo menos oito: Areeiro, Arroios, Carnide, Misericórdia, Penha de França, São João, Santo António e Santa Maria Maior, São Vicente. São freguesias em que as deslocações a pé são a principal maneira de chegar às escolas", adianta, em declarações à TSF, assinalando, contudo, que é preciso ir mais longe, até em defesa do ambiente, de forma a reduzir as emissões de gases provocadas pelos veículos a motor.
"Também se verifica em outras freguesias que existe a prevalência do carro e é aí que, mesmo que as pessoas queiram fazer as deslocações a pé, não têm condições de segurança para o fazer, porque têm passeios estreitos, em que não consegue um adulto circular ao lado da criança, em que temos problemas em termos de velocidades muito elevadas nessas ruas e torna-se premente que se dote de condições de segurança estas escolas da cidade", sublinha.
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Floresbela Pinto explica que a proposta tem por base outras iniciativas já concretizadas em cidades europeias como Paris, Milão ou Londres, onde foram criadas "ruas pedonais com o intuito de garantir que as entradas e saídas da escola se fazem com a maior segurança possível". Em Portugal, também há exemplos a seguir, pelo que a associação refere um projeto-piloto numa escola nos Olivais, no ano letivo de 2020-2021.
"Já foram feitas algumas experiências, começaram como experiências piloto, nomeadamente a escola João de Deus, nos Olivais, em que havia um problema de insegurança muito grande na circulação de acesso à escola, começou-se por fazer uma pequena experiência de fechar uma vez por semana e os resultados acabaram por ser tão positivos que acabou por se pedonalizar a rua e deixou de haver trânsito automóvel", conta.
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A proposta, que já foi distribuída pelos vários vereadores do município e aguarda agendamento para votação, refere que as crianças "são utilizadoras do espaço rodoviário especiais e especialmente vulneráveis, e encontram vários obstáculos à sua acessibilidade, mobilidade e autonomia".
"O volume de tráfego intenso, a velocidade excessiva dos carros, o estacionamento caótico e anárquico, os passeios estreitos e ocupados, locais de atravessamento não acessíveis e/ou descontínuos ou pouco visíveis e, por fim, uma envolvente pouco atrativa ao peão, são alguns desses exemplos. Todas estas barreiras aumentam o risco de atropelamento das crianças e limitam as possibilidades de estas se deslocarem a pé para a escola", lê-se no documento.
A vereadora avança, assim, que a "ideia" é poder "alargar este tipo de experiências em escolas em que se nota que os problemas de acessibilidade e de falta de segurança são maiores".
"E, em conjunto, refletindo com os seus próprios agrupamentos escolares, a comunidade escolar e a junta de freguesia, faça sentido transformar aquele espaço num espaço mais seguro para os peões e para as nossas crianças e jovens que acedem a estes equipamentos escolares", remata.