Associação de Apoio ao Recluso acusa governos de falta de investimento nas prisões
Vítor Ilharco contou que uma cela do Estabelecimento Prisional de Lisboa não é muito diferente das que levaram à condenação de Portugal.
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Portugal voltou a ser condenado pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos pelas más condições de detenção nas prisões nacionais. Para o presidente da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso, Vítor Ilharco, o país está a pagar a falta de investimento nas cadeias.
"Nas últimas décadas, nenhum dos nossos governos teve a mínima preocupação na resolução dos problemas gravíssimos que há nas cadeias, tanto no aspeto físico como nos restantes. O que acontece é que nós, enquanto cidadãos, custa-nos ver o estado de absoluta degradação da imensa maioria das cadeias portuguesas. Saber que, a pouco e pouco, se podia ter feito uma remodelação em todas elas e que o dinheiro que não se gastou aí está agora a ser gasto pagando indemnizações aos reclusos que se queixam e queixam-se poucos, porque quando se queixarem serão indemnizados pela Comissão Europeia", avisou na TSF Vítor Ilharco.
O responsável contou que uma cela do Estabelecimento Prisional de Lisboa não é muito diferente das que levaram à condenação de Portugal.
"Há celas minúsculas que deviam ser individuais, que têm uma cama, um pequeno espaço entre a cama e a parede, têm uma mesa, um armário e ao fundo da cama têm um laboratório e o que deveria ser uma sanita. Na maior parte das celas já nem há sanita, há um buraco porque, entretanto, a sanita partiu-se. Os fios elétricos estão descarnados, a água escorre pelas paredes, não há vidros nas janelas, está infestado de todo o tipo de bichos, percevejos e pulgas. Os ratos saem pela sanita se não puserem uma garrafa de litro e meio de água dentro a tapar o buraco da sanita", descreveu o presidente da Associação Portuguesa de Apoio ao Recluso.