A Associação Nacional de Gerontologia Social quer que o Governo intervenha já para que nos lares não se instale uma situação caótica. Para isso, pode ser necessária a intervenção do Exército e da igreja.
Corpo do artigo
"Todos sabemos que a situação pode tornar-se caótica se não houver uma liderança forte, como tem havido para outros setores." É sobre os lares que fala Ricardo Pocinho, presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social, que pede uma atitude imediata ao Governo no combate à propagação do novo coronavírus.
A associação de gerontologia exemplifica: a intervenção do Exército e da igreja pode ser um dos recursos. "Pedimos ao Governo que solicite a colaboração do Exército e da igreja na logística que é necessária neste momento para apoiar estas organizações sociais, criando espaços de isolamento e ajudando na desinfeção de espaços", diz Ricardo Pocinho, que lembra que a Covid-19 é particularmente mortal entre idosos.
"Entre os mais velhos pode acontecer um número de mortes muito mais elevado. O apelo que fazemos é que o Governo intervenha de imediato."
TSF\audio\2020\03\noticias\25\ricardo_pocinho_01_14h
Intervir de imediato é, para Ricardo Pocinho, delinear uma diretiva geral que abranja todos os lares e que os comprometa com os mesmos procedimentos preventivos. "Era importante que houvesse uma determinação, porque, neste momento, cada uma das IPSS ajustou-se à sua realidade, fazendo cada uma como entende", constata o representante da Associação Nacional de Gerontologia Social.
"De nada vale, como acontece em alguns lares, sobrecarregar os trabalhadores para fazerem turnos de 12 horas, quando depois podem estar em contacto com outras pessoas", diz ainda Ricardo Pocinho. O presidente da associação de gerontologia sugere ainda: "O que deve ser adotado é um isolamento profilático no trabalho, ou dividir os trabalhadores em dois turnos: uma quarentena de 15 dias, logo seguida de 15 dias de trabalho."
TSF\audio\2020\03\noticias\25\ricardo_pocinho_02_14h
Pode ainda ser decidida uma "divisão das equipas em três turnos", na perspetiva de Ricardo Pocinho.
Para o presidente da Associação Nacional de Gerontologia Social, todos os casos que levantem suspeição nos lares devem ser testados. Ricardo Pocinho diz mesmo que não entende o que está a faltar no despiste do novo coronavírus. "Não consigo perceber o que está em falta: se são testes ou profissionais para os realizar e validar. Cabe ao Governo esclarecer-nos."
"Num país com capacidade para realizar 30 mil testes, testar apenas aqueles de que suspeitamos parece alheamento", aponta.
TSF\audio\2020\03\noticias\25\ricardo_pocinho_03_14h
Ricardo Pocinho salienta a importância de assegurar que os idosos sejam "isolados e tratados, sem contaminarem os outros, por um lado, e sem sobrecarregarem o SNS, por outro".
A Associação Nacional de Gerontologia Social enviou uma carta ao Governo e ao Presidente da República a solicitar medidas urgentes para os lares.