Associação de lares condena "ganância" e defende encerramento em caso de maus-tratos
Reportagem denunciou falta de condições de higiene e alimentação no lar privado Delicado Raminho, onde cada utente paga, em média, 1500 euros por mês.
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O presidente da Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso de Idosos, João Ferreira de Almeida, defende que o lar de idosos Delicado Raminho, na Lourinhã, não tem condições para continuar aberto.
Isto depois de uma reportagem da SIC ter, este domingo, denunciado maus-tratos a idosos, incluindo falta de higiene motivada pela exigência, por parte da direção do lar, de poupar material - como o uso das mesmas luvas para o manuseamento de vários utentes, alimentação pobre e feita com restos de dias anteriores e falta de água quente para banhos, entre outras queixas.
"Relativamente a situações tão graves como estas, a Segurança Social não desculpa e procede ao encerramento destas casas onde os idosos estão maltratados (...) As casas assim não podem estar a funcionar. Ponto final", defende João Ferreira de Almeida.
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Para o responsável pelos lares privados, "a culpa é, em primeiro lugar, dos empresários que têm casas a funcionar desta maneira, onde os idosos estão maltratados desta maneira".
Segundo a informação divulgada pela SIC, o Delicado Raminho é um lar privado, tem licença de funcionamento e pode receber até 78 utentes, tendo neste momento cerca de 60. Cada um paga, em média, 1500 euros por mês.
"É perfeitamente legítimo ganhar dinheiro a cuidar dos idosos, mas é preciso cuidar. E pode-se ganhar dinheiro cuidando bem. O que me impressiona nisto é a ganância desmedida das pessoas", lamenta João Ferreira de Almeida.
"Ainda por cima, com este nível de mensalidades, não há desculpa para os idosos não estarem tratados como precisam de estar", reforça.
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O presidente da Associação de Apoio Domiciliário, de Lares e Casas de Repouso de Idosos defende que é essencial prevenir este tipo de casos, mas depois da denúncia é "urgente" uma inspeção ao lar.
"Tinha de ser na hora tinha. Tem de se cair em cima de situações destas de imediato, não pode ser passado um dia, ou dois, ou três."
A ministra da Trabalho, Solidariedade e Segurança Social pediu esta segunda-feira uma inspeção urgente ao lar de idosos Delicado Raminho "para perceber o que é que se passa".