Associação de moradores de Lisboa promove manifestação “pelo direito ao descanso”
O protesto está agendado para dia 9 de outubro, na Praça do Município
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Moradores da cidade de Lisboa, representados pela associação Aqui Mora Gente, estão a organizar uma manifestação “pelo direito ao descanso”, no dia 9 de outubro, na Praça do Município, onde preveem realizar um flash mob, com 200 cobertores dourados.
“Vamos realizar uma manifestação em formato de flash mob no dia 9 de outubro em frente à Câmara Municipal para manifestar a nossa insatisfação. Serão instalados 200 cobertores dourados de emergência e precisamos do seu apoio para aparecer e deitar-se sobre eles às 19h00 para uma grande foto!”, informa a associação de moradores Aqui Mora Gente, numa publicação na rede social Facebook.
Em luta “pelo direito ao descanso”, os moradores de Lisboa pretendem manifestar-se quanto aos “níveis intoleráveis de ruído, insegurança, sujidade e insalubridade, degradação e descaracterização do espaço público, e condições de funcionamento dos estabelecimentos comerciais”.
“Junte-se por uma Lisboa melhor para todos”, apela a Aqui Mora Gente, no cartaz alusivo à manifestação.
Em declarações à TSF, Magda Costa, da associação Aqui Mora Gente, garante que a organização esteve reunida com Carlos Moedas durante o verão e que deste encontro saíram compromissos para fazer ações concretas em menos de um mês, mas nada foi feito.
"Tínhamos pedido que a câmara nos desse conhecimento do processo de revisão do regulamento de horários numa semana, tínhamos também o prazo para começarmos a ver a polícia nas ruas, também não se verificou. Há algumas situações de encerramento de estabelecimentos, determinado há alguns meses, esse prazo não nos foi dado, mas as coisas têm prazos a decorrer há tanto tempo que já seria para estarem efetivados", considera.
O protesto está marcado para 9 de outubro, três dias antes das eleições autárquicas de 12 de outubro, e prevê-se uma concentração em frente à Câmara Municipal, “transformando a Praça do Município num palco de urgência, fragilidade e unidade”.
“A instalação não é espetáculo, mas necessidade. É um grito de atenção, uma exigência dirigida ao poder, um espelho erguido diante da própria cidade”, realça a associação de moradores de Lisboa.
A manifestação assume a forma de uma instalação flash mob, com a associação de moradores a prever a concretização de “uma imagem fugaz, mas de enorme potência coletiva”, adiantando que, “num gesto coordenado, o público encarnará o crescente mal-estar de uma cidade privada do seu direito mais básico: o direito ao descanso”.
“No centro da obra estarão 200 mantas de emergência, dispostas em grelha rigorosa. As mantas, com o seu brilho metálico, refletem tanto a superfície de uma cidade vibrante como o cansaço que a atravessa. São, ao mesmo tempo, camas e sinais: camas que evocam milhares de noites mal dormidas pelos residentes, e sinais de alarme, declarando a emergência vivida por quem sofre as consequências da inação”, explica a Aqui Mora Gente.
O flash mob pretende também, segundo a associação de moradores, condensar a intimidade do repouso na linguagem da urgência, ao substituir a maciez de um lençol pelo reflexo frio de uma manta de emergência: “O que deveria ser banal tornou-se crise; o que deveria ser privado foi forçado a tornar-se testemunho público”.
A partir das 17h00, a Praça do Município começa a ser transformada, com as mantas em grelha a erguerem “uma arquitetura silenciosa do descontentamento”, e com um pano estendido no espaço a proclamar em duas línguas – português e inglês – a urgência da hora: “Direito ao Descanso” e “Right to Rest”.
De acordo com a Aqui Mora Gente, a instalação estará concluída pelas 18h30, aguardando a chegada dos moradores, que às 19h00 serão convidados a deitar-se sobre as mantas, “alinhando os corpos num gesto coletivo de vulnerabilidade e resistência”, e, nesse instante, a praça converte-se num quarto comum, “um dormitório público, retrato de uma cidade acordada contra a sua própria vontade”.
“O ato será registado numa única fotografia” e, depois, as mantas e os panos serão retirados e “nada material permanecerá” no local da manifestação, informa a associação, referindo que essa ausência final sublinha o caráter efémero do protesto e a precariedade do direito que defende, considerando que “o direito ao descanso é constantemente ameaçado, escorregadio, fugaz, a menos que seja protegido”.
