Associação de Saúde Mental tem projeto pioneiro de estimulação cognitiva para seniores em Mirandela
O projeto pioneiro "Aproximar" arrancou em janeiro e é promovido pela MATIZ, Associação para a Promoção da Saúde Mental, em parceria com a Junta de Freguesia de Mirandela.
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Cerca de duas dezenas de pessoas de Mirandela com mais de 65 anos de idade estão a ocupar os seus tempos livres, quatro horas por semana, repartidas por dois dias, em sessões de estimulação cognitiva com jogos e atividades interativas e ocupacionais para favorecer o envelhecimento ativo, o treino de competências sociais e promotoras de saúde mental.
Trata-se do projeto pioneiro "Aproximar" promovido pela MATIZ, Associação para a Promoção da Saúde Mental, em parceria com a Junta de Freguesia de Mirandela.
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Fomos conhecer melhor esta ideia, numa das sessões que decorrem numa sala cedida pela junta de freguesia. A ilustradora Sónia Borges e a professora de educação visual Marta Miranda davam início a mais uma oficina de expressão artística, denominada "Mente Criativa", onde são desenvolvidas atividades de expressão plástica, manualidades, artes e ofícios com recurso a técnicas artísticas, a explorar e decidir em grupo coimo por exemplo a jardinagem artística, expressão visual e plástica.
Estas sessões acontecem às sextas-feiras, durante duas horas, e às quartas mais duas horas, mas com a psicóloga Sofia Santos, para sessões de estimulação cognitiva na oficina denominada "Mente Ativa".
O projeto "Aproximar" começou em janeiro e Elisabete Rosa diz que veio mudar a sua vida. "Desde que faleceu o meu marido, a minha memória sofreu um abalo, pelo que vir para aqui é como que um alívio, uma lufada de oxigénio e estou a gostar imenso", adianta esta idosa de 72 anos. Também Otávio Teixeira diz ter sido uma excelente opção. "Eu e a minha mulher estamos sempre aqui à horinha e gostamos muito porque mexe com o nosso raciocínio."
Pedro Beato, professor aposentado, explica o que o motivou a ingressar neste projeto. "Sou muito curioso, porque gosto de saber como é que estas atividades são desenvolvidas e que tipo de densidade e criatividade que isto tem e estou a gostar porque este conjunto de pessoas são muito agradáveis, acaba por ser uma experiência bonita", conta.
Nestas sessões, alguns contam histórias de vida que acabam por cativar a atenção de todos e até boas gargalhadas. No dia da reportagem, Pedro Beato confidenciou o momento de uma brilhante vitória num concurso de beleza. "Foi em Lisboa no quartel, quando participei no concurso e ganhei por ser o mais feio."
Mas afinal, como surgiu a ideia de avançar com esta iniciativa? A resposta é dada pela coordenadora do projeto "Aproximar". "Aconteceu depois de identificarmos algumas necessidades, tendo em conta a fragilidade psicológica num contexto pós-pandémico e outras problemáticas direcionadas para a população não ativa e relacionada com os problemas de isolamento social que isso trouxe. Para além disso, identificamos alguma escassez de atividades lúdico-terapêuticas e artísticas que são fundamentais para esta faixa etária ter um estilo de vida mais ativo e saudável", adianta Paula Barreira.
Esta responsável pelas atividades lúdico-terapêuticas e promotoras da saúde mental da MATIZ revela que a adesão superou as expectativas. "As inscrições foram aparecendo rapidamente e houve uma abertura da Junta de Freguesia para a prolongar no tempo e quanto ao interesse é um grupo muito interessado e participativo."
A junta de freguesia de Mirandela aceitou integrar o projeto, tendo em conta "a crescente preocupação com esta área tão sensível", como é a da saúde mental. "Vivemos um tempo muito conturbado com o que foi o isolamento social e nada melhor do que trabalhar um projeto em parceria com a Matiz que tem a ver com a proximidade com as pessoas e trabalhar o contexto cognitivo das relações interpessoais e de vivência sobretudo na nossa comunidade porque o que estamos aqui a desenvolver é este conceito de aproximar pessoas com um método de trabalho de desenvolvimento cognitivo que lhes permita ter saúde mental cada vez mais efetiva", diz o presidente da junta, Luís Soares.