Ricardo Mexia pede cautela e medidas concretas para controlo de quem chega a Portugal para acompanhar a prova. O médico questiona ainda que a vinda da final para Portugal seja um "prémio" para os profissionais de saúde na linha da frente como anunciou António Costa.
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Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública defende medidas para controlar adeptos que possam chegar a Portugal para acompanhar os jogos da fase final da Liga dos Campeões, mesmo que não seja permitido público nos estádios. Ouvido no Fórum TSF, o presidente da associação, Ricardo Mexia, questiona ainda o primeiro-ministro sobre o anunciado "prémio" para os profissionais de saúde portugueses.
"Mesmo não havendo público dentro dos estádios, haverão sempre adeptos que vão viajar para Portugal (...) depende da situação epidemiológica, não só em Portugal, mas nos países de origem das equipas", e por isso, defende Ricardo Mexia, "Têm de existir medidas concretas para controlar essa situação", até porque, recorda, "a situação em Lisboa e Vale do Tejo não está ainda controlada".
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"Não ignoro que tenha uma projeção mediática importante, mas temos de ver a implicação do ponto de vista da saúde (...) a evolução da situação poderá condicionar a evolução destes eventos", considera o presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública.
"Ainda falta um mês, mas teremos de ter muitas cautelas", reitera Ricardo Mexia. Sobre a possibilidade de cancelar o evento, o presidente da associação assume que essa, é uma hipótese que tem de estar presente. "Seria uma decisão extrema, mas não podemos tira-la de cima da mesa".
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Se o presidente da UEFA anunciou esta quarta-feira que a decisão sobre a presença de público será tomada apenas em meados do mês de julho, Ricardo Mexia considera que não é possível prever a situação epidemiológica com tanta antecedência." A decisão definitiva não será seguramente em julho. De uma semana a situação pode evoluir e poderá existir a necessidade de mudar as decisões de uma forma muito dinâmica", considera.
Prémio para os profissionais de saúde não é o mais desejado
"O senhor primeiro-ministro veio dizer que isto era um prémio para os profissionais de saúde. Não sei se a ideia é oferecer bilhetes aos profissionais, mas os profissionais de saúde têm outras prioridades que não a final da Champions", considera Ricardo Mexia.
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O primeiro-ministro disse esta quarta-feira que esta realização em Portugal, e em Lisboa, é um prémio para os profissionais de saúde que têm estado na linha da frente no combate à pandemia.