Associação escreve carta aberta ao Governo a pedir mais apoios para famílias de crianças com cancro
A carta aberta será entregue no dia 5 de novembro. Até lá a Acreditar espera chegar às 100 mil assinaturas. A associação quer que as crianças possam ter dois cuidadores a receber a totalidade do rendimento
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Quase 30 mil pessoas já assinaram a carta aberta da associação Acreditar que pede ao Governo mais apoios para as famílias de crianças com cancro.
O Correio da Manhã noticia que, durante os tratamentos, estas famílias registam quebras de rendimentos na ordem dos 600 euros. Ouvida pela TSF, Margarida Cruz, diretora-geral da Acreditar, explica que a iniciativa surge porque "há vários anos que se tem vindo a assistir a muitas dificuldades económicas por parte das famílias".
Os custos estão relacionados, sobretudo, com as deslocações. "Quase todas as famílias têm de se deslocar, durante longos períodos, para tratamento dos filhos, dado que a oncologia pediátrica só existe no Porto, em Coimbra e em Lisboa", sublinha Margarida Cruz, que acrescenta que tem levado a questão até aos "decisores políticos", mas não obteve resposta.
A diretora-geral da Acreditar explica que o cuidador, normalmente o pai ou a mãe, recebe o rendimento a 100% quando as crianças estão internadas, mas lembra que "grande parte do tratamento decorre em casa, onde a criança tem de estar acompanhada". No entanto, nessa altura, o cuidador já só recebe 65% do salário.
Um inquérito realizado pela Acreditar, entre o final de 2024 e início de 2025, revelou que as dificuldades económicas destas famílias estão a aumentar e, por isso, o objetivo da associação é voltar a chamar a atenção do Governo para esta questão. "Numa fase tão complicada, como aquela que os pais estão a viver, não deviam de se preocupar com outras questões além dos seus filhos e do seu bem-estar. Não deviam estar a preocupar-se em como vão pagar a renda e outras contas", sublinha.
Margarida Cruz traça duas medidas como prioritárias: "Propomos que o cuidador passe a receber 100% do seu rendimento e que possa estar acompanhado por outro cuidador, também a receber o ordenado por inteiro, sobretudo em alturas críticas, como é, por exemplo, a fase do diagnóstico, quando há uma recaída ou numa fase terminal." Medidas que, segundo os cálculos da Acreditar, iriam custar, anualmente, três milhões de euros ao Estado.
A associação defende ainda o reforço do apoio psicológico e o aumento do subsídio de funeral para as crianças, que, neste momento, é de 254,63 euros, quando para um adulto é de 1567,50 euros. " O funeral de uma criança custa basicamente o mesmo que um funeral de um adulto. Ter, numa fase final da vida de um filho, que se confrontar com uma dificuldade económica, é difícil e são muitos os pais que recorrem a nós para poderem fazer um funeral com dignidade", reforça.
A carta aberta vai ser entregue ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e ao presidente da Assembleia da República, no dia 5 de novembro, Dia do Cuidador. O objetivo é chegar às 100 mil assinaturas. A carta aberta está disponível aqui.