Associação florestal faz repovoamento simbólico de coelho bravo em Murça.
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A Associação Florestal do Vale do Douro Norte (Aflodounorte) debate no sábado, em Murça, um dos problemas que mais tem afetado a caça -- a doença hemorrágica viral do coelho bravo -- e faz um repovoamento simbólico desta espécie.
O encontro cinegético, que vai reunir investigadores e caçadores, é umas das iniciativas que a associação Aflodounorte preparou para comemorar os 20 anos de atividade ininterrupta.
António Marques, responsável pela associação, disse à agência Lusa que em debate vai estar um dos temas que "mais tem preocupado este setor nos últimos tempos", designadamente a doença hemorrágica viral que tem provocado "uma razia" de coelho bravo no país.
Para o debate vão ser levados temas como o repovoamento, a alimentação do coelho bravo, as componentes da paisagem na conservação desta espécie ou sobre as regras de colocação deste animal no mercado.
A Aflodounorte especializou o seu quadro de pessoal e a sua atividade no setor da caça e é, atualmente, a entidade gestora da maior zona de caça do concelho, a zona de caça municipal Porca de Murça.
A associação possui um cercado onde cria coelho bravo, um projeto que resultou de uma candidatura apresentada em 2015 e que, segundo António Marques, dois anos depois vai permitir retirar animais reprodutores, machos e fêmeas, para colocar na zona de caça.
Neste cercado de 4.000 metros quadrados, os animais são controlados e vacinados contra a estirpe da doença que possa estar mais ativa.
O responsável referiu ainda que, no sábado e de forma simbólica, será feito um repovoamento de coelho bravo.
Depois, entre junho e julho, será feita uma ação maior de colocação de reprodutores em espaço natural, de cerca de "80 a 100 coelhos".
"O número de efetivos, ou seja de coelhos bravos existentes, diminuiu radicalmente. Nos últimos quatro a cinco anos verificou-se uma razia e isto, depois, reflete-se naturalmente na procura. Não havendo coelho bravo o caçador também não procura e as receitas diminuem", salientou.
A doença hemorrágica viral do coelho é uma doença altamente contagiosa.
Para além do cercado, a associação tem apostado em ações no terreno que se traduzem no cultivo de cereal na área de caça, no controlo de matos através de fogo controlado, na abertura de clareiras e colocação de comedouros e bebedouros. Medidas que são, para António Marques, "boas práticas de caça".
O responsável considerou que se deve olhar para a caça do ponto de vista da "sustentabilidade ambiental", mas também "enquanto atividade económica que movimenta muito valor na região".
A Aflodounorte, com sede em Murça, no distrito de Vila Real, possui 750 associados, entre produtores florestais, entidades gestoras de baldios, empresas florestais, resineiros, câmaras municipais, juntas de freguesia, universidades, politécnicos, apicultores e zonas de caça, de oito municípios de Trás-os-Montes e Alto Douro.