Associação Protetora dos Diabéticos reclama novo inquérito nacional da doença
Estima-se que no país existam 1.300.000 diabéticos, mas o presidente da associação acredita que este número está muito aquém das métricas reais e atuais. A Associação Protetora dos Diabéticos quer ainda ter uma maior participação no Programa Nacional da Diabetes.
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A Associação Protetora dos Diabéticos reclama um novo inquérito nacional sobre a doença. No dia mundial dedicado à doença, o presidente da associação explica à TSF que o último estudo sobre a diabetes tem dez anos.
Estima-se que no país existam 1.300.000 diabéticos, mas José Manuel Boavida acredita que este número está muito aquém das métricas reais e atuais."Falamos de 40% de pessoas por diagnosticar. Esse número provavelmente, com o esforço dos últimos anos, já diminuiu, e era importante reconhecer qual é agora", esclarece o presidente da Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal.
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Em declarações à TSF, José Manuel Boavida refere que "precisamos de saber a evolução que a diabetes está a ter: se continua a aumentar, se tem tendência, como nalguns países desenvolvidos, para começar a estabilizar, mas a estes níveis muito elevados, ou se Portugal ainda poderá vir a triplicar nos próximos anos se nada fosse feito, de acordo com aquele estudo que a associação participou juntamente com o Instituto Ricardo Jorge".
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A Associação Protetora dos Diabéticos quer ter uma maior participação no Programa Nacional da Diabetes, elaborado pela Direção-Geral da Saúde, e, de acordo com José Manuel Boavida, a experiência da instituição seria um contributo importante."O programa não pode ter só uma visão baseada nos profissionais de saúde e numa experiência essencialmente hospitalar; tem que ter uma experiência mais integrada, mais global, que é aquela que a associação tem vindo a construir ao longo dos seus mais de 90 anos de idade."
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Neste sentido, o dirigente da associação aponta que "toda esta experiência deve ser aproveitada e utilizada para conseguir uma maior eficácia das políticas de saúde de combate à diabetes".
Um relatório da OCDE sobre saúde indica que Portugal é o país europeu com a taxa mais elevada de prevalência da doença. Na perspetiva de José Manuel Boavida, tal tem razão de ser. "Temos dois fatores: a questão do envelhecimento - Portugal pode vir a tornar-se o país da Europa onde as pessoas têm mais idade, e não esperaríamos que acontecesse -, e a obesidade", explica.
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O presidente da associação elenca ainda outras razões: "Portugal tem uma taxa de obesidade, nomeadamente de obesidade infantil, que tem andado nos três primeiros lugares ao nível da Europa." José Manuel Boavida fala mesmo de uma "repentina passagem a um excesso de alimentos, com uma vida sedentária, juntamente com o envelhecimento da população, é uma mistura explosiva" que desagua neste resultado de prevalência da diabetes.
Perceber os riscos em casa
A diretora do Programa Nacional da Diabetes da DGS explica é possível perceber, em casa, qual o risco de contrair diabetes que cada indivíduo enfrenta, recorrendo ao Registo de Saúde eletrónicos.
São perguntas simples como "qual a idade, que tipo de hábitos alimentares tem, se fuma ou não, se tem peso a mais, se é sedentário" e que permitem perceber se o risco é "baixo, moderado ou elevado".
Em caso de risco moderado ou superior, explica Sónia do Vale, "deve consultar-se o médico para fazer análises e perceber se tem diabetes." Aliás, neste caso é possível pedir "automaticamente consulta com o médico assistente".
Além da perceção do risco de contrair a doença, uma das prioridades é diagnosticar a doença e cedo e começar o tratamento assim que possível. A maior parte da diabetes - tipo 2 - pode ser prevenida, num primeiro momento, com recurso a "hábitos de vida saudáveis, alimentação saudável e atividade física".
Caso um indivíduo contraia, de facto, a doença, o passo seguinte é "tratá-la e controlá-la o melhor possível". A diabetes continua a ser uma "causa importante de cegueira, insuficiência renal com necessidade de hemodiálise, enfartes e amputações".
Em caso de diagnóstico precoce, o doente "não chega a ter complicações".
A cada oito segundos, a diabetes mata uma pessoa no mundo. Em Portugal, estima-se que a diabetes afete 13% da população, e há 44% que desconhece ter a doença. Todos os dias são diagnosticados perto de 200 novos casos.