Associações académicas saúdam aprovação de apoio para alojamento alargado a estudantes deslocados sem bolsa
O Conselho de Ministros deverá aprovar a medida esta quinta-feira
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As associações académicas de Lisboa, Porto e Coimbra saúdam a decisão do Governo em aprovar o alargamento do apoio ao alojamento a estudantes universitários deslocados e não bolseiros. Segundo a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, o objetivo é evitar que os alunos deixem o ensino superior por não conseguirem pagar um quarto.
O Conselho de Ministros deverá aprovar a medida esta quinta-feira. Em declarações à TSF, os presidentes das associações académicas de Lisboa, Porto e Coimbra já disseram estar satisfeitos com a decisão do Governo em aprovar este apoio que será concedido desde que o rendimento per capita do agregado familiar de cada estudante não ultrapasse os cerca de 14 300 euros anuais, ou seja, o equivalente a 28 vezes o Indexante do Apoio Social fixado nos 509 euros.
Ao jornal Público, a ministra da Juventude e Modernização disse que a medida vai abranger mais de 13 mil alunos e avançará no próximo ano letivo. Em reação, na TSF, a presidente da Federação Académica de Lisboa, Mariana Barbosa, considera que a medida responde aos pedidos de ajuda dos estudantes e, acima de tudo, chega a praticamente todos os que precisam.
"Vemos como uma medida que responde efetivamente a muitos pedidos que têm sido feitos pelos estudantes, pelo movimento associativo como um todo, porque apesar do CNAES conseguir vir dar bastante mais camas, com mais condições, restauradas e renovadas, não vai ser para os estudantes de agora, que sofrem agora com os preços da habitação e que não conseguem aceder a uma residência neste momento. É uma medida mais de longo prazo e nós também temos vindo a exigir que o complemento ao alojamento social seja atribuído a mais estudantes. De momento, apenas 14% dos estudantes está numa residência, ou seja, todos os restantes têm um quarto arrendado no arrendamento privado, ou pelo menos a grande maioria dos restantes estudantes deslocados, e os preços a crescer, nomeadamente em Lisboa. O preço de um quarto é de 450 euros por mês, o que é mesmo bastante para qualquer estudante. Era necessário haver aqui uma medida financeira que não fosse apenas para os estudantes bolseiros, mas também para uma grande parte dos estudantes deslocados e, neste caso, para todos", explicou Mariana Barbosa.
Também Francisco Porto Fernandes, da Federação Académica do Porto, diz estar satisfeito, até porque a medida é muito semelhante à que foi apresentada pela FAP ao Executivo.
"A FAP, quando o Governo tomou posse, enviou a para o primeiro-ministro, para a ministra da Juventude e para o ministro da Educação um conjunto de propostas para fazer face ao grande problema dos estudantes do ensino superior, que é o alojamento. Uma das propostas era exatamente esta, um apoio de 50% com base no complemento de alojamento a todos os estudantes até aos 28 do indexante de apoios sociais, ou seja, esta é uma medida em muito semelhante ao que nós propomos e, portanto, é uma grande conquista não da FAP, mas dos estudantes, porque os grandes prejudicados atualmente pela crise do alojamento estudantil já não eram os estudantes bolseiros, eram estudantes de classe média baixa e esta medida vai permitir ajudá-los", afirmou à TSF Francisco Porto Fernandes.
Do lado da Associação Académica de Coimbra, Renato Daniel sublinha a importância da medida, embora não esqueça que há outras medidas urgentes.
"Esta acaba por ser uma medida que vem virar a página a algumas injustiças que têm a ver com esta mesma atribuição, mas ainda há aqui algumas coisas que têm de ser resolvidas. Refiro, por exemplo, a alteração que foi feita ao regulamento de atribuição de bolsas de estudo a estudantes do ensino superior que, através de uma alteração de e para um e/ou alterou a conjunção e a definição de agregado familiar e excluiu muitos estudantes de poderem ter acesso a bolsas de estudo única e exclusivamente por viverem com os seus familiares, mas é uma medida que vemos e aplaudimos porque é muito positiva e, de facto, vem aqui dar mais um auxílio, principalmente nos dias de hoje, em que todos os apoios aos estudantes devem ser incentivados, devem ser promovidos e devem ser efetuados, naturalmente", acrescentou Renato Daniel.
