O Paquete Funchal vai esta sexta-feira a leilão em Londres. Quatro associações temem o seu desmantelamento.
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O navio foi comprado por uma empresa hoteleira britânica Signature Living em 2018 por 3,9 milhões de euros.
No entanto, perante a crise gerada pela pandemia, a embarcação vai ser vendida em leilão.
Três organizações ambientalistas britânicas e a portuguesa SOS amianto temem que o Paquete Funchal possa ser desmantelado e alertam para a quantidade de amianto que ele contém. "O que se tem verificado é que algumas empresas que vão a leilão são do Bangladesh e compram estes navios para desmantelamento", afirma Carmem Lima.
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A coordenadora da SOS Amianto sublinha que a sua preocupação surge porque " o paquete Funchal tem no seu interior cerca de 100 toneladas de amianto". De acordo com a ambientalista, " a remoção do amianto devia ser feita num país como Portugal para que fosse realizada de forma segura".
"Portugal tem capacidade para reencaminhar estes resíduos para um local controlado e legal", adianta. Os grupos e associações lembram que a exportação de resíduos perigosos, como amianto, de Portugal para Países em desenvolvimento é proibida pelo Regulamento de Envio de Resíduos da União Europeia (UE). O Paquete Funchal está ainda registado sob a bandeira de Portugal, mas a SOS amianto receia que, assim que a embarcação zarpar de águas portuguesas e mudar de bandeira possa acontecer o seu desmantelamento em qualquer país, sem qualquer segurança. Por isso, defende que a remoção de amianto e a descontaminação da embarcação devem ocorrer em Portugal, evitando a transferência de contaminantes para outro País onde os critérios não são tão exigentes.
O Paquete Funchal está desde 2015 atracado no Cais da Matinha, em Lisboa, navega desde 1961 e fez a sua última viagem na passagem de ano de 2014/15 com escalas no Funchal e em Porto Santo.