Associações de Vila Franca de Xira rejeitam projeto da IP para a passagem da alta velocidade
Os dirigentes de 14 associações de Vila Franca de Xira estão preocupados com o impacto negativo do projeto da Infraestruturas de Portugal para a modernização da Linha do Norte. Num comunicado enviado ao presidente da câmara, defendem que o projeto vai criar uma barreira ainda maior entre as populações e o rio Tejo e lamentam que esteja prevista a destruição de "imóveis de valor histórico e patrimonial ".
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Da Academia de Cultura de Vila Franca de Xira, à Confraria Ibérica do Tejo, passando pela Casa do Benfica, pela Associação de Caçadores, pela Santa Casa ou pelo Clube Taurino Vilafranquense, são ao todo 14 as associações do concelho que não se conformam com as mudanças que se avizinham com as obras para a modernização da linha do Norte. O projeto prevê a passagem de duas para quatro linhas em toda a extensão do concelho de Vila Franca de Xira e surgiu depois de o Governo ter anunciado o comboio de alta velocidade em bitola ibérica.
Luís Capucha, sociólogo, professor do ISCTE e dirigente associativo, considera na TSF que não são só as linhas de comboio que se vão multiplicar, mas também as barreiras no acesso das populações ao rio. "O projeto que foi apresentado multiplica de forma exponencial as barreiras", defende. Além disso, há "espaços urbanos que são espaços de memória, de afetividade, alguns com valor patrimonial efetivo, que têm história e significados muito profundos para as populações" e vão ser destruídos.
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Entre os espaços enumerados por Luís Capucha está o jardim onde muitos vilafranquenses cresceram e brincaram, o Cais de Vila Franca e o bar Flor do Tejo, antiga Taberna do Manuel da Barraquinha "que era um centro de resistência antifascista".
Por se recusarem a ver desaparecer estes espaços e por quererem que as populações de Vila Franca de Xira e de Alhandra possam usufruir da frente de rio, os dirigentes das 14 associações subscreveram um comunicado que enviaram ao presidente da Câmara. É uma espécie de manifesto no qual exigem conhecer traçados alternativos para a alta velocidade.
Luís Capucha não compreende a ausência de alternativas e considera que está a ser desperdiçada uma boa oportunidade para devolver o rio Tejo a Vila Franca de Xira e a Alhandra e resolver o que considera ser a injustiça histórica de fazer passar os carris pelo meio das duas terras.
"Em todo o mundo, aquilo que se está a passar é que os grandes projetos, os grandes investimentos de interesse coletivo para as sociedades estão a ser deslocados para fora dos centros urbanos", lembra o sociólogo.
"Partir Vila Franca e Alhandra ao meio não é solução - que alternativas existem para a passagem dos comboios de alta velocidade?", é a pergunta que os dirigentes das 14 associações deixam numa mensagem em que exigem ainda "uma discussão que se alargue e se realize dentro e fora das estruturas institucionais, envolvendo toda a população".
Nos projetos apresentados pela Infraestruturas de Portugal numa reunião extraordinária de câmara em Vila Franca de Xira, realizada em maio, o gestor de projeto da Infraestruturas de Portugal revelou que nos planos de intenção está um acesso pedonal e a criação de espaços verdes junto ao rio; mas as associações querem mais do que isso.
As 14 associações que subscrevem o documento: AAVFX - Atletismo de Vila Franca de Xira, Academia de Cultura de Vila Franca de Xira, ACIRT - Associação Confraria Ibérica do Tejo, Associação Amigos Abre-Max, Associação Caçadores de Vila Franca de Xira, Associação Escola de Toureio José Falcão, Associação das Tertúlias Tauromáquicas do Concelho de VFX, Ateneu Artístico Vilafranquense, Casa do Benfica em Vila Franca de Xira, Casa dos Forcados Amadores de Vila Franca de Xira, Clube de Campismo de Vila Franca de Xira "As Sentinelas", Clube Taurino Vilafranquense, Liga dos Combatentes - Núcleo de Vila Franca de Xira, Restaurante A Cancela e Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca de Xira.